domingo, 23 de novembro de 2014

As coisas que ninguém vê

Você já leu o New York Times? E o Times de Londres? Ok... eu também gosto mais do Guardian, é mais combativo, mas próximo do que penso - acho que cada um de nós acaba lendo o que está mais próximo do que pensa/acredita e, com isso, fechando-se um pouco mais no que pensa/acredita; faço um bom esforço para ler coisas diferentes, abrir os horizontes. Continuando a lista... e o Le Monde? E o Asahi Shimbun (site novo em inglês: aqui)? E o Corriere Della Sera? Opa... aí também já é demais!
Qual é o ponto? Todos esses jornais, com a exceção do Corriere, não tem uma seção de "economia". Como contraste, dê uma olhada nos diários brasileiros: a indefectível seção de economia está sempre lá!
E daí? E daí que somos obcecados por economia. Mais do que isso, o senso comum em nosso País diz que a economia é uma ciência exata (hard science), enquanto é discutível se essa é ou não uma ciência
Micro e macro são diferentes. No nível micro não há como pensar, estudar e 'trabalhar' a economia sem considerar gestão e estratégia (e as decisões, preferências, comportamentos...). No macro, economia e política se misturam de uma forma quase inseparável.
Quando assumimos que a economia é uma ciência tal como a física ou a química corremos um enorme risco. No Brasil cotidiano, somos prisioneiros dessa visão simplista, simplificadora, pobre, cheia de interesses subliminares e tributária da ignorância geral.
A edição de quase um ano atrás da Foreign Affairs trouxe várias matérias sobre as coisas que não vemos e conformam a vida e o mundo no qual vivemos. A matéria de capa é sobre biologia e DNA - coisinha pequena e enrolada que guarda as informações sobre como 'construir' quaisquer e todos os seres vivos. Mas há também um ensaio muito interessante sobre os sistemas bancários nos EUA, Inglaterra, Canadá e Escócia.
Mais do que qualquer questão econômica ou qualquer explicação a partir das 'ciências econômicas', foram a política, os jogos de interesses e as correlações de forças nessas sociedades que conformaram o funcionamento e o desempenho dos seus sistemas bancários. São as coisas que não vemos... ou pior, que não queremos ver! 
Em resumo: it's the political game, stupid!

sábado, 22 de novembro de 2014

Danados

Não sei quem é mais danado... o Maldaner ou o Wunibaldo!
Mas o livro é danado de bom! Isso eu sei.
Angustia (muito) por vezes, enerva, faz rir, emociona, faz suspense, faz graça.

Chegou...

Não é o cara correndo na foto de capa quem chegou. O 'futurou' chegou à (quase) grande mídia, saiu das publicações científicas e dos círculos restritos de iniciados - geeks, nerds, cientistas e outros tipos.
A Info Exame de Outubro de 2014 (eles disponibilizam as revistas online com uma defasagem de meses em relação às bancas) tem várias matérias que vão além do se encontrava na revista há alguns anos - software & computadores. Há muita sobre medicina, impressão 3D, quantified self (veja aqui um bom site a respeito)...  
Na virada do Século XIX para o Século XX a expectativa de vida no Brasil era de cerca de 35 anos; repito: 35 anos. Hoje passa dos 73 anos. Imagine o que virá por aí. Imagine quem viverá por aí!
Quem viver verá! Chegará lá... no futuro.


domingo, 19 de outubro de 2014

Y todo se cayó...

Daniel Guebel é um desses portenhos... 
São mestres da escrita nervosa, irônica, sarcástica, reflexiva, neurótica, dolorida, tensa. Tudo ao mesmo tempo agora.
Coisas que o fim trás.
Recomendo, recomeçar. Viver. Ler. Aprender.


Vida no escritório

Onde você quer trabalhar? Confira aqui algumas opções. Gostou de alguma?
Com certeza o design afeta a performance. Mas não é só isso... a forma como organizamos e gerimos espaços e organizações tem muito a dizer. 
Como quase tudo na vida (tudo?), variedade e diversidade de espaços dentro de uma organização são importantes. É o tema central da HBR deste outubro. 
Qual é o seu ecossistema bicho de escritório?
Escolha bem!

Vale quanto pesa?

Hoje fiz alguns exercícios na Khan Academy, foi divertido. Esse é apenas um dos inúmeros novos modelos de 'educação' disponíveis na rede e no mundo real. Há muita coisa nova.
Uma das novidades é o Minerva Project, que lançou a sua primeira turma neste ano, com estudantes de dezenas de países. Há um brasileiro, Guilherme.
São todas experiências a ficar de olho... muita coisa nova acontecerá com a aplicação de tecnologia da informação, com o avanço do conhecimento sobre como aprendemos, com as transformações no mundo do trabalho etc.
Mas, enquanto isso, por aqui em Pindorama (mas não só....), temos questões prementes a resolver - se não fizermos ficaremos no passado: qualificar a educação em todos os níveis e qualificar os professores. São dois temas tratados na edição de setembro de 2014 da The Atlantic, para o caso dos EUA, evidentemente.
Por aqui a coisa é um pouco mais complexa (acho). A questão mais crítica no momento é aumentar a qualidade do ensino fundamental e do médio. Não será fácil.
Temos professores do ensino fundamental que ganham pouco, são precariamente qualificados, enfrentam condições adversas de trabalho, muitas vezes não tem acesso a oportunidades de formação... Quem escolhe ser professor? Nessas condições, quem sobra.... quem tem boa formação prefere seguir outras profissões. Fazemos uma 'seleção ao contrário': com os sistemas de incentivos existentes, selecionamos no Brasil os 'menos aptos' para seguirem carreira no sistema de educação, em especial no público, mas não só.
Mas há avanços...  o Fundeb foi regulamentado, já está em funcionamento, e permite ao Governo Federal apoiar estados e municípios (que tem a responsabilidade constitucional pela educação fundamental e média). Sem isso, muitos estados e municípios não conseguiriam pagar salários que atendam ao piso salarial nacional e, apesar dessa ajuda, muitos ainda não pagam. O 'buraco' da educação é mais embaixo por aqui...
No ensino universitário, avançamos muito em matrículas, sem contar o envio de estudantes aos exterior. O número de matriculados no ensino superior cresceu mais de 150% nos últimos 10 anos. É um avanço, mas ainda pouco frente ao que o País precisa. E existem problemas de qualidade. 
A The Atlantic chama a atenção para a 'picaretagem' que é a educação fornecida por algumas (muitas?) faculdades de direito nos EUA. E no Brasil? Será que o seu título vale o que você pagou na 'universidade' da esquina?
A tecnologia poderá mudar muita coisa. A transição até uma nova realidade ainda nos põe enormes desafios pela frente. Vale pensar a respeito (em especial nestes dias de eleições). 


domingo, 17 de agosto de 2014

Política

Como será que faremos política no futuro? Como será a participação dos robôs? Como nos sentiremos discutindo com eles nossas preferências, ideias, prioridades, interesses, vontades....? Faremos isso?
Bem, antes disso, teremos que nos resolver entre nós.
Jogo difícil, meus caros humanos. Necessário!
O Asimov combinava de forma ímpar conhecimento científico com criatividade e uma aguçada sensibilidade para as 'questões humanas'. Precisaremos de um pouco disso para construir uma ponte com um futuro melhor, mais justo, livre e humano.

Stylish industrial policy

A trilha sonora da Rádio Monocle 24 é das melhores que conheço, contemporânea, descolada, global, com qualidade. 
Escuto bastante rádio, acho que é hábito de gente velha (eu), não? Com certeza é influência do meu pai e da 'cultura de rádio' do RS. Não tenho elementos factuais suficientes, mas acho que tem várias particularidades em relação ao resto do Brasil.
Bem... se rádio é coisa antiga, a Monocle não tem nada disso. É uma das publicações mais descoladas que existem. Mistura design, moda, tecnologia, negócios, política internacional, tendências, maluquices, novidades, consumo, comportamento, vida digital, viagem etc. etc.
Esta edição tem uma matéria sobre a 'nova onda' da manufatura em setores tradicionais da indústria, como confecções, móveis, têxteis. São exemplos originados em diferentes países, na maioria emergentes (p.ex. Turquia) ou aqueles menos avançados (p.ex. Portugal) que integram blocos poderosos como a União Européia. Todas as iniciativas tem um traço comum: o foco na geração de valor agregado, diferenciação de produtos, inovação, aplicação intensiva de conhecimento aos processos industriais. 
Não há segredo! Há novidade? 
Sim, há uma olhar renovado sobre o tema política industrial ao redor do planeta. Muito além de proteção de mercado e substituição de importações, as versões modernas estão mais para políticas de desenvolvimento de capacitações (em ciência e tecnologia, negócios internacionais, empreendedorismo...); confundem-se com outras políticas e, muitas vezes, não são captadas pelos analistas. Todos os países, dos EUA à Europa, praticam políticas dessa natureza. Isso, é claro, sem mencionar a China - veja o exemplo na Monocle do que está sendo feito em Xi'an - e isso é só um grão de areia no deserto.
Resumo: política industrial pode ser stylish também!
De volta à música... não tenho saco para 'festas dos anos 80', quero mais é que venham os anos 2020, 2030... que venha o futuro, quero escutar a música que vem por aí! 
Que venham as indústrias do futuro!


PS: o grande desafio que temos no Brasil é institucional... isso ficou muito claro na série 'Diálogos de Competitividade'. Essa edição da Monocle tem exemplos de 'inovações no governo' - vale ficar de olho, por exemplo, na Estonia. Por que não temos uma estratégia realmente agressiva de governo digital no Brasil e criamos oportunidades de desenvolvimento tecnológico a partir disso? 

domingo, 3 de agosto de 2014

Ignorância

Faz tempo que li "A História Universal da Infâmia". Adorei! Sempre gostei de contos e crônicas. Talvez seja a minha companheira ansiedade que tenha moldado tal predileção. 
Mas li pouco Borges. Que falha! 
Tenho que confessar (pra mim mesmo): nunca li Poe. Tinha algum livro de sua autoria em casa na infância, mas não lembro qual. 
Do gênero que o Poe inventou, li muitos e muitos da Agatha Christie, preferindo sempre as histórias do Hercule Poirot àquelas de seus outros detetives. 
O bom deste livro do Verissimo é que ele me mostra o tamanho da minha ignorância. Nem preciso de investigação para saber!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Alemanha 7 x 1 Brasil

Foi-se a Copa do Mundo… terminou! Foi divertida, não acharam? Mas ficamos com o gosto amargo da goleada imposta pelos teutônicos. 
Não acompanho muito futebol (nenhum esporte, aliás), só em momento particulares, como o quando o Grêmio está nas fases finais da Libertadores e Copa do Brasil tem chances de ganhar o Campeonato Brasileiro. Você já percebeu, né? Faz tempo mesmo que não acompanho nada! Apesar disso, acho fantásticas as histórias sobre como um grupo de pessoas se supera ou simplesmente ‘desmorona’ e perde totalmente o rumo (usando um palavreado em voga há poucas semanas: “tem uma pane”) em um evento esportivo. Foi o que aconteceu com o time brasileiro no fatídico 8 de julho.
Esse acontecimento provavelmente irá render muito. Muitos estudos, livros, filmes, entrevistas, contos, teses de mestrado e doutorado, sonhos, delírios, análises aprofundadas e rasteiras, projetos, debates, patrocínios, dinheiro... Interesso-me pela psicologia coletiva, os aspectos táticos futebolísticos deixo para quem entende (deve existir alguém...), pois nada sei. Mas não só os aspectos psicológicos e táticos explicam o ocorrido.
Na Alemanha, a polícia mata 6 pessoas a cada ano. No Brasil, são 5 pessoas mortas pela polícia por dia. Este é um assunto bem mais sério que o futebol. É algo vital! Por definição.
De onde vem essa diferença? O que a explica?
Não há explicação simples. Quem buscar ou professar uma já começará perdendo o jogo. Misturam-se questões como ambiente social, instituições, formação e qualificação dos profissionais de segurança, condições materiais, regramento do funcionamento (compras, contratações...) do setor público, política e políticas, funcionamento do judiciário.... e por aí vai; é uma longa catilinária. Tudo está misturado, conectado, trata-se de um sistema complexo. Esse é o ponto chave do livro do Mariano Beltrame: não há solução mágica, não existe bala de prata, não existem salvadores da pátria, não há ‘a resposta’. Ponto! Bingo!
A polícia brasileira é ruim, muito ruim. Mas está melhorando! Existem bons e maus policiais. Existem unidades profissionais (poucas) e amadoras (muitas). Aliás... esse é um tema central: amadorismo. Essa é uma questão de fundo para a polícia, o futebol, o funcionamento do governo, a produtividade das empresas... O jogo Brasil versus Alemanha revela muito sobre como se organizam nossa sociedade e nossas instituições, como gerimos as nossas organizações.
Somos amadores porque nos falta método! Falta-nos método porque nos falta conhecimento! Falta-nos conhecimento porque faltam visão de mundo, referenciais internacionais e recursos! E tudo isso falta porque vontade, coragem, poder e conhecimento raramente andam juntos... e aí o sistema se torna auto recursivo.
A mudança não vem por mágica. Ocorre por partes, muitas vezes em pequenas doses. Exige liderança esclarecida (com conhecimento) e determinada, honestidade e humildade – porque errar e aprender é a regra do jogo, em qualquer coisa nova que se faz. Não existem soluções mágicas!
Não existem soluções mágicas para o futebol. Não é o treinados Fulano ou o dirigente Beltrano que vai salvar o jogo. No campo da segurança é tudo ainda mais complexo, bem mais.
Não sou um especialista em segurança. Também não me sinto capaz de avaliar as UPPs, nem quero fazê-lo ou vejo qualquer sentido nisso. Aliás, as UPPs são apenas um instrumento, um experimento, não um modelo de gestão da segurança, jamais “a solução”. Mas fico feliz em saber que há esperança, que existe gente lúcida, com uma visão orientada para um processo de mudança de longo prazo, ciente da complexidade da questão, da necessidade de se realizar dificílimas e enormes mudanças institucionais (reformar o judiciário, unificar polícias civil e militar...). Eu já achava que o Beltrame era um sujeito corajoso, pelo que vejo na mídia. 
Bem... e o que tudo isso tem a ver com Alemanha e o vexame da seleção brasileira (alguém discorda que se deva grafar com letras minúsculas o nome desse timeco)? O que mudou a história pessoal e profissional do Mariano Beltrame foi eu engajamento no primeiro grupo na Polícia Federal que começou a trabalhar com investigações estruturadas de longo prazo (as chamadas ‘operações’), com método e inteligência. Esse grupo rompeu com o amadorismo. De onde veio a ideia ou aprenderam a fazer isso? Em um treinamento sobre investigações policiais realizado na Alemanha!
Quer conhecer as estatísticas policiais da terra do Manuel NeuerVeja aqui!

Brasil urgente

A disputa do Século XXI é a disputa pelo conhecimento, disse certa vez o ‘Pepe Mujica’, em seu discurso de posse como presidente do Senado do Uruguay. Já escrevi isso em algum dos posts deste blog. Torno-me repetitivo. Preciso ler e estudar coisas novas!
Só os países que construírem e controlarem ativos de conhecimento relevantes terão um lugar ao sol no futuro. Os demais, mesmo que avancem e cresçam economicamente, jamais poderão oferecer as mesmas condições de vida aos seus habitantes que os líderes em conhecimento. Ah... não há problema se os líderes estiverem localizados muito ao norte, a 'renda de monopólio' que seus ativos de conhecimento lhes proporcionará (já proporciona) permitirá que venham passar longas férias (como já fazem) por aqui, nos trópicos!
O caminho da sofisticação econômica passa pela formação e manutenção de um contingente de pessoas qualificadas e de alto desempenho. Até hoje, a educação universitária era o (quase) único caminho para que isso fosse possível. Não será mais assim!
Estudei sempre em escolas públicas, em todos os níveis de formação pessoal. Na cerimônia de graduação em Engenharia da minha turma na UFRGS, há muitos anos, fiz questão de valorizar o caráter público e gratuito das universidades federais – estudei em uma delas. Hoje, acredito que o modelo dessas organizações não tem futuro. Ou a universidade pública brasileira se reinventa ou perderá totalmente a sua relevância; talvez morra.
O mundo sabe que educação é chave. Sempre soube. Os que estão à frente sempre apostaram nisso e seu sucesso se deve, em muito (muito, muito mesmo...), ao capital humano. Você está careca de ler a respeito na mídia, de saber. Já escrevi aqui um, dois, três, quatro posts a respeito. Muita gente infinitamente mais relevante já escreveu inúmeras e melhores coisas a respeito. O que mudou então?
Temos cada vez mais pessoas que cursaram e cursam educação superior no Brasil. Muitas e muitas delas com formação pra lá de duvidosa. Não é raro encontrar alguém que busca ascender socialmente e investe em um curso superior ‘picareta’, que ao término só deixa a dúvida: “por que não consigo emprego na minha área de formação”? Lamento pessoas... você foram enganados!
Ao mesmo tempo, criaram-se várias novas universidades federais no Brasil, de norte a sul. Terão elas todas a mesma qualidade? É evidente que não! Precisaremos de todas elas no futuro? Não sei dizer. É razoável existir uma carreia única para todas essas instituições? Acho que não. Elas cumprem a função que deveriam na sociedade? Compreendo que ainda estão distantes. 
É preciso compreender o que se passa, pensar e agir!
Vale você ler a matéria de capa desta edição da The Economist e pensar no que a mudança que está se processando na educação universitária quer (quererá) dizer para o Brasil. Use o que você aprendeu (espero) na escola.

As coisas que guardamos...

...seguem conosco para o resto de nossas vidas, queiramos ou não. Saibamos ou não.  Elas estão lá. 
Lembrar e chorar pode ser uma boa estratégia. Esconder não vai funcionar cara pálida (final de contas, ninguém consegue ficar bronzeado no inverno de Viena)! Recomento!
Agora acho que vou lá reler o Gaia Ciência, com outros olhos, um pouco embaçados, mas mais tranquilos.

#imaginanaindia

A hashtag #imaginanacopa foi super utilizada em posts no Facebook, Twitter, Instagram etc. antes da Copa do Mundo de 2014. Lembra? 
Entre o preto e o branco existem infinitos tons de cinza! Adoro esta frase, tomei-a emprestada de um amigo, genial intelectual - ele, não o que aqui escreve. Faltaram matizes nas análises sobre a Copa do Mundo 2014! Tudo foi muito exagerado. Sobrou pessimismo, superficialidade nas análises, preconceito, ignorância, politicagem, pancadaria da grossa, ufanismo, obtusidade e por aí vai. Foi!
É claro que o Brasil tem e teve muitos problemas, enormes mazelas. Não resolvemos elas antes da Copa. Demoraremos a resolvê-las. Reconheço, com tristeza. São os limites da nossa própria sociedade, daquilo que escolhemos e fazemos coletivamente. É uma enorme ingenuidade (ou maldade...) supor que resolveríamos esses problemas antes da Copa, nem o PSTU e o PCO teriam acreditado, mesmo que a tal ‘revolução’ já tivesse chegado.
É evidente que a Copa do Mundo 2014 teve problemas, muitas coisas não ficaram prontas, no geral obras viárias, e ocorreram erros. São evidências da falta de coordenação e capacidade técnica de órgãos de governos municipais, estaduais e federal. Como uma triste lembrança disso, temos o fato de que, nas duas sedes das semifinais, São Paulo e Belo Horizonte, ruíram obras viárias. Tragédias e amadorismo brasileiro no seu ‘melhor estilo’!
Francamente, não sei qual foi/será o impacto econômico da Copa 2014, vi algumas avaliações, exageradas para um lado ou outro, pareceram-me. Também não sei se fez sentido ou não termos 12 cidades sedes. Pelo que os números indicam, recuperar o investimento feito em infraestruturas dedicadas ao futebol (estádios e centros de treinamento) será muito, muito, muito difícil (se não impossível) em várias dessas localidades. 
Mas talvez existam outros benefícios... por exemplo: qual será o significado da Copa para Cuiabá quando analisado no futuro? Talvez tenha valido a pena levar jogos e pessoas de diferentes países para lá, talvez seja uma forma de conectar a cidade com o mundo, um modo de “colocar o bode na sala” - ou melhor “colocar  o bode no estádio”, instigar à mudança. Talvez não tenha sido nada disso. Só espero que o gramado não seja utilizado apenas pelos bodes no futuro. 
Tendo a crer que só o futuro irá dizer se, para cada cidade, a Copa foi um sucesso, um fracasso ou algo no meio do caminho. Dependerá mais do que está por vir e não do que já passou! Pense nisso quando você escolher nas próximas eleições! O que vem por aí? Quem vem por aí?
Que fique claro: acho que o evento foi um sucesso enorme, mas planejamos e executamos muito mal a sua preparação. Gastamos mais do precisaríamos gastar. Fomos pouco eficientes. É um reflexo do nosso ambiente institucional. Este é o Brasil que todos nós fazemos a cada dia. Todos nós.
Repetindo... É claro que o Brasil tem e teve muitos problemas, enormes mazelas. Não resolvemos elas antes da Copa. Demoraremos a resolvê-las. Reconheço, com tristeza.
Mas será que temos tantos problemas assim? Somos tão ruins mesmo? Para além dos fatos, falta-nos baliza, exageramos. Acho que temos uma enorme tendência a falar mal de nós mesmos sem sequer conhecer a realidade dos outros.
Esta edição da The Economist, da época da posse do novo primeiro ministro da Índia (uma edição mais recente já cobra resultados...), Narendra Modi, joga luz em alguns ‘desafios’ daquele País: 90% dos empregos são informais, a agricultura é feudal, a maior parte dos trabalhadores na indústria labuta em ‘fábricas’ sem energia elétrica, somente 3% da população paga imposto de renda, 600 milhões defecam ao ar livre...
Pense nisso na próxima vez em que ler no jornal que a Índia cresce mais do que o Brasil (para ficar claro: não tenho dúvidas de que o Brasil precisa crescer mais e mais rápido!) e que por essa razão nós vamos mal. Considere também adotar uma nova hashtag; tenho uma sugestão: #imaginanaindia!
O Brasil é um País ‘no meio do caminho’. Está atrás daqueles que oferecem boas condições de vida para a maior parte de sua população, tem sérios problemas, precisa avançar muito na sua institucionalidade, modernizar-se, conectar-se com o mundo, tornar-se mais próspero, justo e igualitário.
Mas não se deixe enganar... estamos à frente de outros, resolvemos há muito problemas que eles nem sonham em equacionar, somos referência para muitos que nos vem de fora, somos muitas vezes melhores aos olhos dos outros do que aos nossos próprios.
Entre o preto e o branco existem infinitos tons de cinza! Se temos que avançar, com velocidade (é preciso ter sentido de urgência), é fato que outros tem desafios bem maiores que os nossos. 
Vale imaginar como é na Índia!
#imaginanaindia

terça-feira, 24 de junho de 2014

Freedom... freedom to my people!

Nada substitui a liberdade.
Nada nunca substituirá a liberdade.
Não se iludam humanos.... 
Oinc, oinc!

Qual é o lugar?

Tenho a impressão de que, cada vez mais, o 'local' importa. Para além de quaisquer neologismos, é no 'local' que as coisas acontecem, as pessoas se encontram, os projetos se materializam, os produtos circulam, as pessoas compram/vendem... Talvez seja a minha ansiedade de 'fazer coisas concretas' que me atraia para essa ideia.
O Richard Florida, entre outros, já escreveu sobre a importância das cidades faz tempo (e eu comentei neste blog) e muita gente criou palavrinhas e negócios novos a partir disso. Resumo: sabemos há algum tempo que o 'local importa' e que há, de fato, competição entre cidades.
Rankings sempre tem problemas (conceituais e práticos), mas dão um 'cheiro da coisa'. 
Pelo sim e pelo não, é bom dar uma olhadela na edição de abril da Exame.
Você já sabe qual é o seu lugar?

sábado, 21 de junho de 2014

Yes, we can!

O avanço exponencial das tecnologias de telecomunicações, semicondutores, micro e nano dispositivos, software e outras abrem inúmeras possibilidades para a exploração do espaço e reduzem as barreiras à entrada na indústria aeroespacial. Já não são necessárias centenas de milhões de dólares para se construir um satélite, algumas dezenas de milhares já dão conta do recado hoje em dia! 
O mundo está mudando e novos modelos de organização emergem. Nada será como antes, na Terra ou no espaço! 
Você acha tudo isto muito blá-blá-blá? Veja então como:
  • a Satellogic, uma empresa argentina com 18 profissionais com 'pegada de startup' e time global, colocou dois nano satélites no espaço, o último deles, "Manolito", com um custo de US$ 70.000,00;
  • alunos de uma escola pública brasileira (isso mesmo... aquele tipo de escola que o senso comum diz que é ruim) executam um projeto no qual construindo um satélite que será colocado em órbita em breve.
Essa última história aparece rapidamente na Pesquisa Fapesp de maio deste ano. A história argentina não, mas certamente há (muito) o que se aprender com ela.
Dá para fazer diferente! Que venha o futuro!

Complexidades


Há poucos dias, Juan Manuel Santos Calderón foi eleito para um segundo mandato como Presidente da Colômbia. Sua tarefa (e promessa) principal não será fácil: terminar com mais de 50 anos de conflitos internos no País.
A realidade colombiana é complexa, muito complexa. Nestes tempos de Copa do Mundo, vale recordar as relações que lá existem entre o futebol, a política, as drogas, as estruturas governamentais, a realidade social etc. Há um excelente documentário da ESPN sobre um dos capítulos dessa história; chama-se "Os dois Escobars" (clique para assistir no YouTube).
A Colômbia vai bem nesta Copa de 2014. Joga, faz gols e dança bem! Não parece existir risco de uma tragédia como a de 1994, protagonizada por André Escobar, um dos 'Escobars' que dão título ao documentário.
O País também avança no rumo da concertação nacional, como conta a matéria de capa da edição 92 da Piauí e indicam as notícias recentes de um acordo relativo ao terceiro ponto de negociação entre o Governos e as FARCs e definição de princípios sobre o quinto - são cinco pontos ao todo.
O caminho do diálogo, por mais difícil que seja, é o único sustentável no longo prazo. Em qualquer lugar. Não existem soluções mágicas ou simples. É preciso reconhecer as diferenças e, apesar delas, por mais duras que sejam, avançar no diálogo.
Vale pensar a respeito! Vale praticar!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Eles estão no meio de nós

O mundo muda rápido. A tecnologia avança exponencialmente. Não sabia? Está com a cabeça no passado? Veja este post sobre tecnologias exponenciais e tome fôlego para ler algo do Ray Kurzveil
Apesar de 'antiga' (foi lançada em 2013...), esta publicação da Time continua interessante para uma introdução às aplicações da robótica, para além dos clichês.
Para 'ver mais', bastará assistir à cerimônia de abertura da Copa do Mundo, em 12 de junho. Nesse dia, uma criança tetraplégica caminhará de novo e dará o 'chute inicial' no evento. Tudo isso, graças à combinação de neurociências (neurotecnologias) e robótica. Vale assistir!
Eles estão no meio de nós (e muito breve dentro de nós)... e nós, cada vez mais, estaremos no meio deles.

sábado, 26 de abril de 2014

Oportunidade distante

População estimada: 63 milhões de habitantes.
Percentual que tem acesso à internet: 1%.
Percentual que tem acesso à internet: 6%.
Que país é esse? Leu a capa da Focus Asean ao lado e pensou Myanmar? Acertou!
Fato recente: duas empresas estrangeiras, Telenor e Ooredoo, respectivamente da Noruega e do Qatar, ganharam licitações para implantar redes nacionais de dados e telefonia móvel.
Olha só a oportunidade...
Em (muito) poucos anos o percentual de usuários de telefonia celular aumentará, muito, muito. Além disso, existem outras oportunidades para redes de dados, wireless, internet etc.
Quer ganhar dinheiro como empreendedor internet? Vale pensar a respeito!

A vida em uma (motor)bike

Lugar divertido esse... o Vietnã!
Pense rápido... qual é o número ótimo de pessoas em uma motoca?
...
...
...
Pensou? Resposta: quatro!
Uma pessoa só não tem sentido em uma moto, certo? Duas é muito pouco, três ainda deixam lugar sobrando (considerando os biótipos vietnamitas...), cinco não cabem. Logo... o "ponto ótimo" é quatro!
Ho Chi Minh City (a antiga Saigon... aquela dos filmes sobre a Guerra do Vietnã) tem entre 8 e 9 milhões de habitantes e 5 milhões de motos. Excluindo-se crianças e idosos que não dirigem, fica quase uma moto por pessoa. Olha só que trânsito...
Mas não é só gente que anda de moto... tudo é transportado de moto.
Veremos até onde isso vai. O Vietnã tem crescido o PIB per capita cerca de 4,5% ao ano.... Dentro de algum tempo todo esse pessoal andará de carro!
Vale conhecer agora. E voltar lá depois para conferir!

Nós, os bichos

Hesitei horas
antes de matar o bicho,
Afinal,
era um bicho como eu,
com direitos,
com deveres,
E, sobretudo,
incapaz de matar um bicho,
como eu.

PL, 1976.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Inveja

Este post poderia ter como título "ambição", "futuro"... ou outros nessa linha.
Mas inveja - uma 'boa inveja' de verdade, não uma 'inveja negativa, é o mais apropriado. 
A cada ano a NASA publica um livro chamado "Spinoff". Há um site específico da NASA sobre spinoffs.
Imagino que você já escutado falar da NASA... certo? Talvez naquele programa de TV que passa aos domingos na Globo, o Fantástico! Foi lá que escutei pela primeira vez alguém falar sobre essa Agência do Governo Americano, há décadas atrás. 
Um pouquinho mais velho, no início dos anos 80, depois que terminava o Fantástico, eu assistia na TV a genial série Cosmos! Gostei muito, encantei-me e cresci pensando no universo e em como a tecnologia podia mudar o mundo... 
Nesta edição de 2012 são apresentadas 44 tecnologias que foram geradas por projetos da NASA. São tecnologias que mudaram, estão a mudar e/ou vão mudar nosso mundo. Quem dera tivéssemos um portfólio desses aqui no Brasil, um décimo desse, um centésimo desse... um 'ésimo' qualquer. Ai que inveja!
Resultados desse tipo são gerados com a atuação coordenada de governo e empresas (mas as formas como isso ocorre está mudando... veja o caso da SpaceX). No Brasil, não temos institucionalidade para fazer uma operação como a da NASA. O mais importante, temos um enorme nível de ignorância na sociedade brasileira a respeito da importância, do impacto, das formas de atuação para promoção da inovação. Vivemos de clichês e preconceitos na mídia e no senso comum. É preciso avançar!
O progresso técnico e a formação de pessoas são capazes de mudar um País.. mudar o mundo. Nada substitui o conhecimento, já dizia E. Deming!

Conhece-te a ti mesmo

Ah... como é difícil! Não é por menos que os homens já tentaram todos os tipos de soluções para o autoconhecimento, a busca da serenidade e a 'salvação'.  
Aliás... o James Hollis bem escreve que "a 'invenção' da psicanálise, há um século, ocorreu em resposta ao sofrimento que não podia ser aliviado pela medicina, pela teologia ou pelos pais patriarcais". 
A busca continua!

Fazer grande

De onde viemos? Para onde vamos?
São perguntas inquietantes que estão aí há muito... aliás, desde sempre! Talvez o ALMA nos ajude a encontrar possíveis respostas para essas perguntas.
Muito mais do que uma ferramenta para pesquisa, o ALMA é um magnífico feito do engenho humano, resultado de 30 anos de trabalho - o conceito original data de 1982. 
São 66 antenas, cada uma com 12 metros de diâmetro. Cada antena gera 96 Gbits de dados por segundo. Para trata-los e compor uma "imagem única" (essa é a lógica do 'array') de alta resolução, o ALMA tem um supercomputador com 128 milhões de processadores!
Esse negócio todo foi construído a 5000 metros de altitude! Há um belo documentário a respeito.
Que coisa complexa, que projeto ambicioso... Participamos (Brasil) dele? Uhm... mais ou menos... mais pra menos do que pra mais. O ALMA é um projeto que tem três pernas principais: Europa, América do Norte (EUA e Canadá) e Ásia (Japão e Taiwan). O Brasil negociou bons termos e foi aceito em 2010 como o primeiro membro não europeu do Observatório Europeu do Sul (ESO), mas até hoje o Congresso Nacional não ratificou o acordo internacional. 
São Pedro de Atacama é uma pequena cidade super simpática no Deserto de Atacama. Imagino que o ALMA tenha trazido muitos novos visitantes para lá; por enquanto, todos deste mundo. Veremos o que virá à frente!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Simulação

Uma das funções da literatura é nos permitir ‘sentir’, ‘experimentar’ e refletir sobre coisas que não vivemos. Permite-nos ‘simular’ experiências sociais e, adiciono eu, sentimentos.
Rancor e maldade. É o que marca essa boa história do Sérgio Rodrigues. Gostei, mas fiquei com um gosto amargo na boca, uma vontade louca de transformar uma história que não existiu.
É um sentimento potencializado por passagens do (ótimo) filme do final de semana passado: “O Mordomo da Casa Branca”. No caso do filme, a maldade era coletiva, movida pela ignorância do preconceito racial. Não é o que acontece no livro, no qual a maldade é pessoal, muito pessoal, forjada pelo mais profundo rancor, surgido de coisas muito mundanas.
Como as pessoas podem ser tão ruins, más, perversas, cegas, ignorantes, mesquinhas, covardes, perversamente humanas?
Nem só de good vibrations vivemos, certo?
Mas vale ler o livro. Além de nos permitir 'sentir coisas que não vivemos' e deixar um gosto amargo, rende boas risadas.

Produtividade

Os salários no Brasil são altos? Não! Mas estão crescendo mais do que a nossa capacidade de gerar riqueza.
O Brasil é um País no meio do caminho. Apesar dos avanços sociais das últimas décadas, muita gente ainda se encontra em um mundo paralelo dominado pela pobreza, a violência e a falta de oportunidades, muitas ‘empresas’ e trabalhadores estão fora do ‘mercado formal’ e muitas empresas (digo, aquelas com CNPJ e tudo mais) estão longe dos padrões de desempenho e eficiência encontrados nos mercados e nas corporações mais avançadas.
Para avançarmos, precisaremos, cada vez mais, aumentar a produtividade da economia brasileira e de nossas empresas. Isso dependerá de várias coisas: trabalhadores mais qualificados, processos de gestão mais estruturados, sistemas e equipamentos etc.
Esta edição da Exame PME joga um pouco de luz sobre a questão da produtividade nas empresas brasileiras. É um desafio a enfrentar.
E não nos enganemos.... existem vários problemas fora das empresas (a complexidade tributária é gigantesca, a infraestrutura deixa a desejar etc.), mas dentro dessas a situação não é boa. No geral, as empresas brasileiras são menos produtiva que as americanas, europeias, japonesas.... A experiência empírica sugere que a utilização dos ativos (os equipamento) é muito baixa – veja um artigo a respeito aqui. Ou seja, muitas empresas compram equipamentos modernos (e se enganam pensando que assim estão melhorando o desempenho, quando muitas vezes podem estar piorando os seus resultados) e não ‘tiram’ deles o que poderiam tirar. Por quê? Porque não sabem usar os equipamentos, não tem gente qualificada para fazê-lo, não treinam os funcionários, programam mal a produção e deixam os equipamentos parados, porque esses ficam parados porque estão quebrados ou não tem peças para processar (talvez outras máquinas que forneceriam tenham quebrado ou fabricado itens com defeito), porque simplesmente compraram as máquinas erradas etc.
Qual é a razão para isso acontecer nas empresas? São duas:
  1. Eles não precisam ser eficientes... ganham dinheiro mesmo sendo pouco eficientes, com mercados protegidos e pouco exigentes, clientes que compram produtos com preços altos, donos que se contentam com resultados abaixo do que poderia ser obtido;
  2. Há um déficit de conhecimento/capacitações nas empresas, que não tem gente qualificada para entender o funcionamento, operar e melhorar os processos de manufatura. No limite, o problema é de falta de conhecimento!
Vale a pena pensar sobre isso.... e o que quer dizer para a sua empresa, o Brasil e a sua carreira. É bom que esse debate vá para a mídia. É necessário que se estude e discuta amplamente o tema na sociedade.
Produtividade é uma questão chave para o Brasil, a sua empresa e cada um de nós!

Estamos distantes

Há um evento na Arábia Saudita chamado GlobalCompetitiveness Forum (GCF). Realiza-se anualmente em Riad, nos dias que antecedem o ‘Encontro Anual' do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça. Ambos, em diferentes medidas, contam com a presença de líderes empresariais, governamentais, empreendedores e ‘pensadores’ do diversos países.
Fui pela primeira vez ao GCF em 2010. Não havia nenhuma companhia chinesa por lá, apenas pessoal de mídia e serviços financeiros de Hong-Kong. Em 2014 foi bem diferente: ocorreu uma sessão especial sobre investimentos chineses no Norte da África e Oriente Médio (em inglês: MENA).
Não por acaso, imagino, a edição de janeiro da The Middle East Magazine tratava das relações econômicas da China com os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC).  
É crescente a participação nos negócios na Região de empresas do Império do Meio. Investimento, exportações de todos os tipos de produtos e importações de matérias-primas. Padrão recorrente esse, não lhe parece?
Enquanto isso, pergunta-me um empresário saudita em um dos jantares do evento: por que a participação brasileira é tão tímida? “Existem várias empresas brasileiras com produtos de alimentos aqui, mas ninguém sabe, não tem marcas....”; por quê? Boas perguntas.
Conhecemos muito, muito pouco da Ásia, do Oriente Médio ao extremo leste. Perdemos muitas oportunidades.
Será que nós de cá vamos deixar de lado as oportunidades de lá?

Mainstream

Certa vez escutei o Tony Blair (que hoje é palestrante, consultor, pensador, político, celebridade... confira no The Tony Blair Office) falar que, no início de seu período como Primeiro Ministro do Reino Unido, achava importante conversar e ter reuniões com os executivos de grandes empresas britânicas, mas que só no final dos seus dez anos nesse posto percebeu a importância de conversar com os “novos empreendedores”. No geral, os governos são prisioneiros das grandes corporações, das entidades empresariais mais poderosas e tradicionais, dos lobbies e dos ‘lobistas’ com recursos abundantes, de velhos interesses institucionalizados, das várias 'corporações'. É difícil desfazer esses circuitos. É difícil abrir espaço para o novo.
Mas o novo vem aí... Há um livro relativamente famoso escrito por dois ex profissionais da McKinsey (baixe aqui um extrato gentilmente oferecido por um 'servidor internet' dessa firma de consultoria), no qual encontramos a previsão de que 75% das 500 maiores empresas que existirão em 2020 ainda não existiam em 2011 (ano de lançamento do livro). É muita coisa! O que você acha?
Pois bem... há todo um ‘movimento’ de startups que ganhou grande visibilidade recentemente, a ponto da The Economist fazer um ‘special report’ sobre startups. Vale ler.
Agora, entre nós... essa história de startups não é nova. O que mudou então? Três coisas:
  1. Tem se tornado hegemônica a noção de que startups são empresas à busca de um modelo de negócios, ideia lançada e consolidada pelo Steve Blank. É uma nova forma de compreender o que é e como se 'desenvolve' uma empresa;
  2. O conhecimento necessário para criar, testar e validar o modelo e operar uma startup está cada vez mais codificado e tem sido ‘ensinado’ de velhas (p.ex.: cursos) e novas formas (p.ex.: aceleradoras);
  3. Empreender está virando (já é...) um estilo de vida para muita gente.
E essa nova onda chegou ao mainstream, se não fosse assim não estaria na The Economist. Tá dominado!
Por aqui.. vou brincando (e me divertindo muito com isso) de escrever e fazer entrevistas para a Startupi, primeiro e principal veículo de mídia brasileiro dedicado startups.
Vale ler... o report da Th Economist e a Startupi, todos os dias!!