quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Risoto & outros prazeres (quase) ultrapasados

Cheguei em casa hoje com fome, ainda zonzo pelo jet lag. Por sorte, meu amor preparou o jantar, pois não tenho um feixe de átomos para cozinhar pra mim. 
Vem aí o tempo no qual superaremos muitos dos limites que hoje experimentamos. O risoto quentinho e saboroso será montado átomo a átomo... e você nem precisará ler este post, pois teremos formas muito melhores de fazer o input de informações nas nossas mentes.
Se lá chegar, dar-me-ei ao luxo de conservar alguns velhos hábitos. Um deles será ler coisas divertidas e inteligentes, como as aventuras de Jean Le Flambeur.

Estamos preparados?

Eu venho de um lugar que decaiu... muito. Não chega a ser Youngtown, até porque, salvo o processamento de alimentos e de commodities da agropecuária, nunca teve indústria de verdade. Endosso totalmente a ideia apresentada na abertura da matéria de capa desta edição da The Atlantic: um debacle econômico gera graves consequências sociais e psicológicas - nos planos coletivo e social. 
Será que estamos preparados para viver uma era sem empregos? Muitas das profissões e dos empregos que estão aí não terão sentido em um futuro próximo. E daí? O debate está aberto.
Não é por acaso que o assunto foi capa de três publicações muito conhecidas nestas últimas semanas. Além da The Atlantica, a MIT Tech Review e a Foreign Affairs trouxeram matérias importantes sobre robôs, emprego e o futuro do trabalho.
O trabalho e o emprego irão mudar muito. Não necessariamente terminarão, mas passarão por grandes transformações e a vida será afetada em inúmeros aspectos. Viveremos em um mundo de diferenças ainda maiores. Será preciso pensar em novas soluções para que possamos ter coesão social, estabilidade emocional, sentido para a vida. 
Ao que parece, deixar tudo para o mercado resolver será muito arriscado. Há o risco do mercado ser autofágico: sem emprego e renda, quem irá comprar? Há o riso da ruptura social: como segurar a massa sem emprego e com fome e raiva? Uma ideia que tem ressurgido na comunidade techie (americana, em especial) e em outros círculos é a da universalização da renda básica. Será preciso muita conversa para chegar a uma solução e ela não será simples.
Essas transformações terão muito a dizer aos países, não só as pessoas. A situação será difícil para os que buscam um lugar ao sol na economia/ordem mundial. Dependeremos cada vez mais de máquinas e algoritmos e a riqueza mundial tenderá a estar concentrada naqueles que tiverem capacidade de inovar e se posicionar nas novas indústrias que estão a nascer e florecer.
Recomendo que pensemos... com nossos botões, colegas, amigos, representantes... estamos preparados?

Homs encontra Florença

Há poucos dias li um post sobre o pai biológico do Steve Jobs. Nascido na Síria, foi morar nos EUA na década de 1950. 
A busca desesperada de um lugar seguro para viver, um mínimo de dignidade e oportunidades para uma vida melhor tem gerado manchetes nestes dias - no geral tristes e ilustrativas de uma ordem mundial falida, algumas animadoras em relação à humanidade.
Por linhas muito tortas, essa triste história ajuda a lembrar que o lugar mais dinâmico e criativo do mundo hoje é habitado por gente de todo o mundo, de todos os cantos, cores e credos.
Uma edição recente da The Economist chamou o Silicon Valley da Florença moderna. O paralelo com a Renascença Européia é direto. O "Vale" é o lugar onde muitas das pessoas que pensam e criam coisas, produtos, conceitos, empresas inovadora querem viver, estar, trabalhar. Metade da força de trabalho no "Vale" é composta por imigrantes: a Florença do Século XXI tem muito a ver com Homs, São Petesburgo, Joinville, Xangai, Goiânia, Helsinque, Nantes, Monterrey... 
Por necessidade ou vontade, gente do mundo todo muda de casa, país, cidade... E o mundo fica melhor, mais humano, criativo, próspero... com essa mistura toda. Pense nisso.