quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

E nós... para onde vamos?

Lá vou eu de novo, 'blogar' sobre algo já velho. Bem... o que fazer se 'tornar-se imediatamente obsoleta' é propriedade inata a qualquer matéria e informação nestes dias de hoje?
Pois vamos lá...
A edição de 23 de novembro da Newsweek traz na capa a chamada para uma matéria que descortina o 'temor' americano do 'declínio da capacidade de inovação' da poderosa Nação do norte. Vale ler.
Essa preocupação não é nova. Em 2007, escutei George Atkinson, então assessor de Ciência e Tecnologia da Secretária de Estado Americana, discorrer sobre o tema.

Há um deslocamento da produção mundial de conhecimento ruma à Ásia; está a emergir uma nova 'geografia do conhecimento'. Vejamos um proxy dessas transformações: em 1983, cerca de 75% dos artigos publicados na série de journals Physical Review e na Physical Review Letters eram de autores americanos ou residentes nos EUA; em 2004, os artigos 'americanos' representavam 33%.
A matéria da Newsweek coloca em tela outra questão: a importância dos grandes projetos nacionais de pesquisa em áreas de fronteira, capazes de produzir grandes mobilizações de esforços e conhecimentos e produzir inúmeros 'efeitos colateriais desejados' (transbordamentos, ou 'spillovers', diriam os economistas), gerando novas tecnologias e produtos.´
O que esta matéria pode dizer para o caso brasileiro?
O Brasil logrou crescer sua participação na produção mundial de conhecimento, mdida pelo número de papers indexados, mas ainda temos pela frente o gigantesco desafio de transformar conhecimento em valor econômico. Se estamos do lado dos que, como diz a Newsweek, estão a reduzir o gap de conhecimento com os EUA, não se faz visível no Brasil a existência de uma efetiva preocupação nacional com a capacidade de inovar como se vê naquele País.
Nossa história é repleta de exemplos de 'grandes projetos' patrocinados pelo Estado. Muitos bem sucedidos, como os casos da Vale, Petrobrás e Embraer nos fazem lembrar. Mesmo que os tempos e o 'problema a enfentar' sejam outros, não podemos abdicar de implantar projetos tecnológicos mobilizadores, de grande porte, com arranjos público-privados. Vale lembrar que, mesmo com recursos bem mais escassos que os americanos, temos no Brasil belos exemplos de projetos de pesquisa super eficientes no uso dos recursos e com ótimos resultados, como o sequenciamento do DNA da Xylella fastidiosa, financiado pela FAPESP e executado em rede por mais de 10 instituições de pesquisa.
Enfim... temos boas experiências e estamos no grupo dos que reduzem o gap, mas precisamos ter pressa, articular melhor as ações e, acima de tudo, construir consenso em torno da idéia de que a produção de valor econômico pela aplicação de conhecimento é 'a questão chave' para o futuro do País.

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