segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Parla!

Já li muitos livros de negócios e coisas assemelhadas. Poucos são de fato relevantes. Pouquíssimos são bem escritos. Ínfimos são aqueles que podem fazer diferença para a sua carreira!
Este é um deles. 

Follow the money!

As discussões estão quentes em Paris neste início de dezembro. Quiçá um caminho seja encontrado com a nova proposta de acordo. Precisamos de um novo acordo sobre o clima e, mais do que isso, de soluções concretas. Precisarão cada vez mais, nosso filhos, netos e os que vierem depois.
Eu sei, não deu praia no Rio de Janeiro neste domingo... mas o mundo está cada vez mais quente. Alguns lugares poderão em breve se tornar inabitáveis.
40% da população global vive até 100km do mar. Imagine os impactos do aquecimento global nas vidas de toda essa gente e de todos os outros - para onde você acha que o pessoal que mora na praia irá quando o mar subir? O que irão comer? Onde irão morar? Em qual cama irão dormir? Que água irão beber? 
Pensou? Talvez seja a hora. Os impactos para todos serão enormes. Imagine quantas disputas, conflitos e guerras poderão ser ocasionadas por uma migração maciça de pessoas rumo às partes mais altas do planeta. A matemática é simples: 40% da população mundial = ~3 bilhões de pessoas. É gente pra caramba.
Esta edição da National Geographic informa que número de eventos catastróficos aumentou de 291, em 1980, para 904 no ano passado. Os custos derivados - infraestrutura, vidas perdidas, saúde etc. - são enormes. Os países avançados talvez até possam absorvê-los, mas aqueles em desenvolvimento não. Serão esses os mais impactados com a perda de safras e a diminuição da produção agrícola que poderá decorrer das mudanças no clima. Quem tem pouco o que comer poderá ter ainda menos.
Há saída? Há poucos dias foram anunciadas duas importantes iniciativas voltadas ao desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias para energias limpas: a Mission Innovation e a Breakthrough Energy Coalition. A solução para a questão do clima depende de novas tecnologias e modelos de negócios, inovação e investimento. Para salvar o planeta e a pele dos seus descendentes, follow the money!

Vale investir!

Até quando?

"Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será, que será, que será
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais mil anos?"
(Caetano Veloso, "Podres Poderes", 1984)

Os tiranos se foram. Viva! Viva! Mas ainda estamos longe de nos livrar da incompetência na América Católica. 
Na América Católica que fala Português a coisa está feia. É um problema sistêmico - somos todos responsáveis e estamos todos envolvidos. Nossa sociedade se mostra incapaz de ir em frente. Ficamos e vivemos presos nos falsos dilemas e prisioneiros de velhas estruturas. Até quando?
Enquanto isso, o mundo avança!
Vale a pena eu, você, nós... pensarmos a respeito.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Risoto & outros prazeres (quase) ultrapasados

Cheguei em casa hoje com fome, ainda zonzo pelo jet lag. Por sorte, meu amor preparou o jantar, pois não tenho um feixe de átomos para cozinhar pra mim. 
Vem aí o tempo no qual superaremos muitos dos limites que hoje experimentamos. O risoto quentinho e saboroso será montado átomo a átomo... e você nem precisará ler este post, pois teremos formas muito melhores de fazer o input de informações nas nossas mentes.
Se lá chegar, dar-me-ei ao luxo de conservar alguns velhos hábitos. Um deles será ler coisas divertidas e inteligentes, como as aventuras de Jean Le Flambeur.

Estamos preparados?

Eu venho de um lugar que decaiu... muito. Não chega a ser Youngtown, até porque, salvo o processamento de alimentos e de commodities da agropecuária, nunca teve indústria de verdade. Endosso totalmente a ideia apresentada na abertura da matéria de capa desta edição da The Atlantic: um debacle econômico gera graves consequências sociais e psicológicas - nos planos coletivo e social. 
Será que estamos preparados para viver uma era sem empregos? Muitas das profissões e dos empregos que estão aí não terão sentido em um futuro próximo. E daí? O debate está aberto.
Não é por acaso que o assunto foi capa de três publicações muito conhecidas nestas últimas semanas. Além da The Atlantica, a MIT Tech Review e a Foreign Affairs trouxeram matérias importantes sobre robôs, emprego e o futuro do trabalho.
O trabalho e o emprego irão mudar muito. Não necessariamente terminarão, mas passarão por grandes transformações e a vida será afetada em inúmeros aspectos. Viveremos em um mundo de diferenças ainda maiores. Será preciso pensar em novas soluções para que possamos ter coesão social, estabilidade emocional, sentido para a vida. 
Ao que parece, deixar tudo para o mercado resolver será muito arriscado. Há o risco do mercado ser autofágico: sem emprego e renda, quem irá comprar? Há o riso da ruptura social: como segurar a massa sem emprego e com fome e raiva? Uma ideia que tem ressurgido na comunidade techie (americana, em especial) e em outros círculos é a da universalização da renda básica. Será preciso muita conversa para chegar a uma solução e ela não será simples.
Essas transformações terão muito a dizer aos países, não só as pessoas. A situação será difícil para os que buscam um lugar ao sol na economia/ordem mundial. Dependeremos cada vez mais de máquinas e algoritmos e a riqueza mundial tenderá a estar concentrada naqueles que tiverem capacidade de inovar e se posicionar nas novas indústrias que estão a nascer e florecer.
Recomendo que pensemos... com nossos botões, colegas, amigos, representantes... estamos preparados?

Homs encontra Florença

Há poucos dias li um post sobre o pai biológico do Steve Jobs. Nascido na Síria, foi morar nos EUA na década de 1950. 
A busca desesperada de um lugar seguro para viver, um mínimo de dignidade e oportunidades para uma vida melhor tem gerado manchetes nestes dias - no geral tristes e ilustrativas de uma ordem mundial falida, algumas animadoras em relação à humanidade.
Por linhas muito tortas, essa triste história ajuda a lembrar que o lugar mais dinâmico e criativo do mundo hoje é habitado por gente de todo o mundo, de todos os cantos, cores e credos.
Uma edição recente da The Economist chamou o Silicon Valley da Florença moderna. O paralelo com a Renascença Européia é direto. O "Vale" é o lugar onde muitas das pessoas que pensam e criam coisas, produtos, conceitos, empresas inovadora querem viver, estar, trabalhar. Metade da força de trabalho no "Vale" é composta por imigrantes: a Florença do Século XXI tem muito a ver com Homs, São Petesburgo, Joinville, Xangai, Goiânia, Helsinque, Nantes, Monterrey... 
Por necessidade ou vontade, gente do mundo todo muda de casa, país, cidade... E o mundo fica melhor, mais humano, criativo, próspero... com essa mistura toda. Pense nisso.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Cardápio

Quer viver bem e de forma saudável? 
Por enquanto, "tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo", cantava o Walter Franco (escute a música). Faltou algo: o cardápio saudável - assumindo-se que exercício é pressuposto para se manter a espinha ereta (na minha idade, não estou tão certo) e portanto já faz parte do pacote anterior.
Pacote completo, mas não totalmente suficiente. O DNA e o tempo são implacáveis... Por enquanto! Isso irá mudar (muito mesmo) nos próximos anos. 
Na esteira da aceleração das transformações tecnológicas, a medicina é dos campos que passará por algumas das mais visíveis mudanças. Aliás, é o que o Craig Venter disse neste início de junho a uma turma de formandos na UC San Diego. Confira o papo.
Você pensa em estudar medicina? Prepare-se! Muita coisa vai mudar e é melhor você estudar muita matemática e estatística.
Para os curiosos, hipocondríacos e health geeks wannabes (e life hackers) esta 'revistinha' da BBC (por sinal, eless tem um ótimo site sobre futuro & tecnologia) apresenta um bom cardápio. 
Enquanto o futuro não chega, trate de manter... a mente quieta, a espinha ereta, o coração tranquilo e o cardápio saudável.


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Protótipo

Você já leu Guimarães Rosa? Quais livros?
Eu li poucos, gostei muito - mais de uns do que de outros. Aqui escrevi animado pela minha obra favorita. Mas digo: conheço pouco, mesmo.
Neste ano conheci uma coleção de contos, logo do início da carreira. Os textos parecem apenas protótipos quando comparados às obras posteriores.
Foi bom saber. Gostei - percebi os limites, reconheci traços, reafirmei uma ideia. Recomendo ler.
Antes da grande obra - resultado mais da transpiração do que da inspiração - há o texto "mais ou menos". É um caminho. É preciso caminhar o caminho. E isso custa. Ah, como custa.

Weltanschauung: lá e aqui

Até que ponto compreendemos "o outro"? Até que ponto o aceitamos? Até que ponto podemos aceitar?
E se as crenças fundamentais do "outro" forem essencialmente diferentes das nossas, o que fazer? O que faremos?
O mundo é um lugar cada vez mais complexo. Século XXI e Idade Média convivem, em vários planos, em distintas geografias. Estamos prontos (humanidade, o Brasil, cada um de nós) para lidar com isso?
reportagem da The Atlantic sobre o ISIS é um bom (ótimo) retrato sobre os limites impostos pela visão de mundo predominante no ocidente. Compreender o ISIS não é tarefa trivial. Requer a revisão de pressupostos essenciais sobre o mundo, a vida, o sentido das coisas, a jornada da humanidade.
Mas não nos enganemos... nem tudo que é arcaico acontece em algum lugar distante e empoeirado do outro lado do planeta. Também o Brasil do Século XXI convive com a idade média. Você acha que não sentado aí no seu ar-condicionado para os dias de calor (em tempo, o meu está muito confortável)? Leia algumas histórias sobre o nosso Brasil ainda cheio de preconceito, ignorância, truculência, violência e escravidão.
Se queremos (o Brasil, os brasileiros) ser atores globais (queremos?), teremos que avançar em nosso próprio esforço civilizatório e, ao mesmo tempo, formar gente e criar estruturas para dar conta da complexidade do mundo de hoje, que mistura contemporaneidade e arcaísmo. Precisamos de gente que conheça Alepo, fale árabe, chinês, hindi e farsi, compreenda história, esteja pronta para discutir o ISIS, veja o mundo para além do nosso umbigo brazuca... Será que estamos preparados?
Compreender o outro passa por compreender a nós mesmos e nossos limites.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Passado, presente, futuro....

2015 começou com mudanças. Você viu? Percebeu? 
Sentados sob o sol (ou na sombra, com uma cervejinha do lado, melhor ainda...) em nossa América Católica talvez pouco percebamos acerca das grandes transformações em curso no planeta. Talvez sejamos apenas a exceção em uma ordem maior que se desenha - ou que foi desenhada há muito, como pensam alguns. Oxalá não!
Além do horizonte existe muita gente, gente pra caramba - com vontade de empreender, comer, comprar, viajar, ganhar dinheiro, educar os filhos, beber, estudar... Gente que compreende e opera o mundo de uma outra forma, com outra dimensão de tempo, com uma lógica de ação própria.
Henry Kissinger é uma das figuras mais controversas do nosso tempo - já foi mais, especialmente na conturbada décadas de 1970. É um intelectual de alto gabarito e foi ator e observador de algumas das grandes decisões e transformações das últimas décadas. Sua leitura "On China" é rica, super informada e envolvente, concorde-se ou não com ele. Ignorá-lo não vale! 

Já é lugar comum dizer que este é o século da Ásia. Ao que tudo indica, teremos nosso futuro inexoravelmente conectado ao que acontece e acontecerá por lá. 
Vale começar a estudar e pensar sobre como tratar as relações com quem dá as cartas do outro lado do mundo (e cada vez mais perto de nós). Só assim poderemos melhor entender o contexto do século XXI (e dos séculos XX e XXII, dentre muitos outros).

Welcome to... 2014!

Muitas previsões, muito papo sobre o futuro... mas o futuro já está aqui, em algum lugar próximo, talvez dobrando a esquina, talvez a 12 horas de vôo. 
O mundo existe em camadas, diferentes eras coexistem. É engraçado ver que as coisas que são o futuro na grande mídia já são novidades envelhecidas em alguma lugares - Londres, Vale do Silício, Tsukuba, Tel Aviv, Boston, Shangai e outros hotspots que aparecem com frequência em listas de cidades inovadoras.
Muitas das novidades de alta tecnologia apresentadas nesta edição da Sciences et Avenir não são tão novas assim. Estão mais para 2013 do que para 2015 (mas isso é o que eu acho, alguém mais antenado poderá dizer que estão mais para 1993...). Mas a história da sonda Rosetta vale a leitura, a revista e muita, muita coisa mais.
A jornada de 10 anos desde o lançamento da Rosetta em 2004 é só uma parte história. A ideia surgiu décadas antes. Imagine o esforço, o tempo, a paciência, a perseverança e a resiliência que precisaram ter os caras que fizeram esse projeto acontecer. 
Para construir o futuro é preciso começar no passado, ter saco, energia, fôlego e muita transpiração. 2014 foi um ano que mostrou que isso vale a pena. 
Nossa jornada no espaço está apenas começando. Que venham muitas outras Rosettas por aí em 2015 e além. Ad astra