terça-feira, 6 de abril de 2010

Water productivity


“Water productivity”: cada vez mais escutaremos este termo. A edição mais recente da McKinsey Quarterly traz uma seção especial com artigos e entrevistas sobre o assunto. Gostei, particularmente, da entrevista com o CEO da Nestlé (um dos principais players mundiais no mercado de bebidas e águas e um gigantesco usuário de água em seus processos industriais), Peter Brabeck-Letmathe; diga-se de passagem, (bem) respondida por e-mail.
Água é um issue para governos, comunidades, cidades, companhias, indivíduos. Água é um recurso limitado. O crescimento populacional, a ocupação desordenada do solo, a poluição/contaminação de reservatórios e cursos d’água representam risco à saúde, impõem custos aos governos, sociedades e comunidades, ceifam vidas, fazem crescer tensões geopolíticas e impactam o botton line dos negócios. Cada vez mais cresce a preocupação com o uso racional da água.
O que há de novo? Uma crescente preocupação empresarial com o uso d’água. Existem diferentes drivers dessa preocupação: (i) a cada vez mais notada consciência da responsabilidade social/cidadã das corporações com o futuro da humanidade e das comunidades nas quais atuam, (ii) o impacto crescente da água (não existe atividade produtiva humana que não utilize água...) nas estruturas de custos das empresas, (iii) a concepção estratégica – inclusive em decorrência de ii, que somente sobreviverão no futuro as empresas que forem eficientes no uso da água e (iv) o aparecimento de enormes oportunidades de negócios para a gestão e conservação da água. É claro que a combinação desses fatores varia de setor/negócio/empresa para setor/negócio/empresa. Há um espaço ‘ganha-ganha’ na interseção dos interesses das empresas e das comunidades/nações: precisamos cuidar e usar melhor a água; disso dependerá o futuro 
Produtividade da água é, e será cada vez mais, um negócio importante! Do que se trata? Em resumo: de usar métodos analíticos e de gestão para analisar o uso da água e aumentar dos processos com relação a esse insumo. Análise do fluxo de valor (d’aguá...), reengenharia de processos, benchmarking, gestão de indicadores sobre uso da água etc., há campo para tudo isso. Além de conceitos e métodos de gestão, precisa-se de tecnologia hard em áreas como: sensoreamento, materiais, processos químicos e biológicos, automação, supercomputação etc. Enfim... se há um problema, existem enormes oportunidades.
Por questões históricas, em muito relacionadas ao planejamento e gestão do sistema elétrico (mais) e da produção agrícola (menos), logramos implantar um modelo político/social/técnico de gestão de recursos hídricos no Brasil. A criação da Agência Nacional de Águas foi passo importante nesse processo. Lembremos que o Brasil é o País com a maior quantidade de água doce disponível! Em um mundo que tem sede, isto vale, muito!
Se ainda precisamos (e vamos!) avançar nas políticas e práticas de gestão para o País, é também certo que existem enormes oportunidades para as quais as empresas brasileiras devem atentar, pois podem ganhar dinheiro (i) usando melhor água e (ii) criando soluções/produtos/negócios para permitir que outros o façam.
Lembram da seca no Nordeste? E não é que não temos mais vistos os dramas de antes em tempos recente? Pois é, o Brasil avança...
Boa leitura! Um brinde a todos!

PS: um comentário corporativo: engenheiros de produção, uni-vos! Vejam que oportunidade!

2 comentários:

Sésamo disse...

No Cietec em SP, este movimento de engenheiros de produção já começou. Este mês esta se graduando a empresa Sharewater, especializada em projetos de reuso e Gestao da Água. Vale uma visita www.sharewater.com.br.

RA disse...

Legal, irei conferir!
Obrigado!