quarta-feira, 30 de julho de 2014

#imaginanaindia

A hashtag #imaginanacopa foi super utilizada em posts no Facebook, Twitter, Instagram etc. antes da Copa do Mundo de 2014. Lembra? 
Entre o preto e o branco existem infinitos tons de cinza! Adoro esta frase, tomei-a emprestada de um amigo, genial intelectual - ele, não o que aqui escreve. Faltaram matizes nas análises sobre a Copa do Mundo 2014! Tudo foi muito exagerado. Sobrou pessimismo, superficialidade nas análises, preconceito, ignorância, politicagem, pancadaria da grossa, ufanismo, obtusidade e por aí vai. Foi!
É claro que o Brasil tem e teve muitos problemas, enormes mazelas. Não resolvemos elas antes da Copa. Demoraremos a resolvê-las. Reconheço, com tristeza. São os limites da nossa própria sociedade, daquilo que escolhemos e fazemos coletivamente. É uma enorme ingenuidade (ou maldade...) supor que resolveríamos esses problemas antes da Copa, nem o PSTU e o PCO teriam acreditado, mesmo que a tal ‘revolução’ já tivesse chegado.
É evidente que a Copa do Mundo 2014 teve problemas, muitas coisas não ficaram prontas, no geral obras viárias, e ocorreram erros. São evidências da falta de coordenação e capacidade técnica de órgãos de governos municipais, estaduais e federal. Como uma triste lembrança disso, temos o fato de que, nas duas sedes das semifinais, São Paulo e Belo Horizonte, ruíram obras viárias. Tragédias e amadorismo brasileiro no seu ‘melhor estilo’!
Francamente, não sei qual foi/será o impacto econômico da Copa 2014, vi algumas avaliações, exageradas para um lado ou outro, pareceram-me. Também não sei se fez sentido ou não termos 12 cidades sedes. Pelo que os números indicam, recuperar o investimento feito em infraestruturas dedicadas ao futebol (estádios e centros de treinamento) será muito, muito, muito difícil (se não impossível) em várias dessas localidades. 
Mas talvez existam outros benefícios... por exemplo: qual será o significado da Copa para Cuiabá quando analisado no futuro? Talvez tenha valido a pena levar jogos e pessoas de diferentes países para lá, talvez seja uma forma de conectar a cidade com o mundo, um modo de “colocar o bode na sala” - ou melhor “colocar  o bode no estádio”, instigar à mudança. Talvez não tenha sido nada disso. Só espero que o gramado não seja utilizado apenas pelos bodes no futuro. 
Tendo a crer que só o futuro irá dizer se, para cada cidade, a Copa foi um sucesso, um fracasso ou algo no meio do caminho. Dependerá mais do que está por vir e não do que já passou! Pense nisso quando você escolher nas próximas eleições! O que vem por aí? Quem vem por aí?
Que fique claro: acho que o evento foi um sucesso enorme, mas planejamos e executamos muito mal a sua preparação. Gastamos mais do precisaríamos gastar. Fomos pouco eficientes. É um reflexo do nosso ambiente institucional. Este é o Brasil que todos nós fazemos a cada dia. Todos nós.
Repetindo... É claro que o Brasil tem e teve muitos problemas, enormes mazelas. Não resolvemos elas antes da Copa. Demoraremos a resolvê-las. Reconheço, com tristeza.
Mas será que temos tantos problemas assim? Somos tão ruins mesmo? Para além dos fatos, falta-nos baliza, exageramos. Acho que temos uma enorme tendência a falar mal de nós mesmos sem sequer conhecer a realidade dos outros.
Esta edição da The Economist, da época da posse do novo primeiro ministro da Índia (uma edição mais recente já cobra resultados...), Narendra Modi, joga luz em alguns ‘desafios’ daquele País: 90% dos empregos são informais, a agricultura é feudal, a maior parte dos trabalhadores na indústria labuta em ‘fábricas’ sem energia elétrica, somente 3% da população paga imposto de renda, 600 milhões defecam ao ar livre...
Pense nisso na próxima vez em que ler no jornal que a Índia cresce mais do que o Brasil (para ficar claro: não tenho dúvidas de que o Brasil precisa crescer mais e mais rápido!) e que por essa razão nós vamos mal. Considere também adotar uma nova hashtag; tenho uma sugestão: #imaginanaindia!
O Brasil é um País ‘no meio do caminho’. Está atrás daqueles que oferecem boas condições de vida para a maior parte de sua população, tem sérios problemas, precisa avançar muito na sua institucionalidade, modernizar-se, conectar-se com o mundo, tornar-se mais próspero, justo e igualitário.
Mas não se deixe enganar... estamos à frente de outros, resolvemos há muito problemas que eles nem sonham em equacionar, somos referência para muitos que nos vem de fora, somos muitas vezes melhores aos olhos dos outros do que aos nossos próprios.
Entre o preto e o branco existem infinitos tons de cinza! Se temos que avançar, com velocidade (é preciso ter sentido de urgência), é fato que outros tem desafios bem maiores que os nossos. 
Vale imaginar como é na Índia!
#imaginanaindia

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