domingo, 17 de janeiro de 2016

O dia a dia de todos nós


Quanto custa para girar a máquina que faz o dinheiro girar? Nos EUA, em média, cerca de 2% de cada transação com cartões de crédito. É menos do que em Pindorama, mas certamente rende muito dinheiro. Quer mais detalhes sobre taxas? Veja a tabela de taxas da Mastercard.
A indústria de meios de pagamento é uma das que será transformada pela tecnologia - já está sendo. Mais do que isso, o dinheiro será e está sendo transformado pela tecnologia. 
A Suécia tem a sociedade mais sem dinheiro do mundo, a que menos utiliza moeda em espécie e que também vê rarearem os cartões de crédito. Mas não só os países ricos experimentam essa mudança - o Kenya é um exemplo conhecido internacionalmente de adoção de uma 'moeda digital móvel' e tem o modelo lá desenvolvido sendo exportado para outros países na África e Ásia.
Pagando em dinheiro vivo, você efetua uma transação diretamente com fornecedor daquilo que você está comprando. Os meios de pagamentos eletrônicos baseados em cartões botam um monte de gente no circuito - bancos, empresas emissoras cartões, empresas que processam os pagamentos, fornecedores de seguro, empresas de telecomunicações, data centers etc. Com moedas digitais e novos modelos de sistemas de pagamentos, todo esse pessoal pode desaparecer. Eis aí a grande novidade: é possível fazer transações de forma direta, sem dinheiro vivo, sem intermediários, sem taxas, sem um sistema central de processamento. 
Redes móveis, novas estruturas de dados e algoritmos - como aquele que viabiliza o blockchain - estão por detrás dessa revolução. Essas mesmas tecnologias podem habilitar mudanças em várias outras indústrias e, acima de tudo, na vida pública. 
Imagine se as propriedades fossem todas registradas de forma digital, transacionadas no celular, sem cartórios... imagine se documentos não precisassem de autenticação e carimbos... imagine se você tivesse um único registro pessoal, que valesse para fins fiscais, de saúde, de trabalho, eleitorais, bancários e sei lá mais o quê! Aliás, por que existem tantas identidades? Por que cada um de nós é solicitado a levar cópias autenticadas de nossos documentos para órgão do governo - o mesmo governo que os emitiu?
O dia a dia de cada um de nós poderia ser muito mais simples do que é. Por que não é? Eu aposto os meus bitcoins que a restrição não está associada à tecnologia. 
Este relatório do Aspen Institute é um bom exemplo de um "diálogo que importa". Conversas desse tipo - e organizações que as promovem - fazem falta no Brasil. São peças importantes na construção das ideias que fazem as sociedades irem em frente, rumo ao futuro. 

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