segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pensar, modelar, empreender (com estilo!)

Talvez seja exagero... mas creio que este é o melhor livro de negócios que já encontrei. Inteligente, prático, simples e bom de ler, agradável. Sofisticado nas idéias, é um livro adequado para quem está a fim de fazer, empreender, botar a mão na massa! O que dá relevo ao livro é a conexão entre o (sofisticado) desenho conceitual de um negócio (já pensaram que negócios de sucesso são 'conceitualmente superiores' aos seus concorrentes.... e, é claro, tem boa execução) com um conjunto de ferramentas simples e poderosas para 'fazer acontecer'. O livro tem um site e é possível baixar aplicativo na Apple Store.
Recomendo fazer!

E os outros?

Os Estados Unidos são a maior potência econômica, militar e tecnológica da atualidade (faz tempo). É de certo modo estranho que ser competitivo seja uma preocupação americana. Logo os EUA? Preocupam-se em ser competitivos? For sure! E esse é o tema central da edição de Jul/Ago da Foreign Affairs.
O debate político americano dos dias de hoje revela uma série de fissuras naquela Nação antes difíceis de se imaginar - quem pensaria que Republicanos e Democratas travariam uma queda de braço capaz de levar a uma 'crise da dívida americana' e lançar dúvidas sobre a capacidade americana de honrar o pagamento de seus títulos? Disputas políticas à parte, são as transformações de longo prazo na economia mundial que podem por em xeque a 'competitividade' dos EUA.
A entrada em cena na economia mundial dos países emergentes  consigo importantes implicações. Michael Spence revela que dos empregos criados entre 1990 e 2008 nos EUA, 98% foram em setores de non tradables. Por outro lado, a produtividade no período cresceu quatro vezes mais nos tradables do que para os non tradables. Assim, a manufatura perde empregos de nível médio e baixo de qualificação, que são 'compensados' por posições novas em serviços (com salários mais baixos), em áreas menos produtivas. Resumo da história: os EUA concentram renda no emprego e mostram uma competitividade ameaçada na manufatura. A relocalização da produção para a China aumenta a demanda por profissionais altamente qualificados nos EUA, mas faz cair a renda do 'emprego médio' - cresce a desigualdade na Terra do Tio Sam.
Os Estados Unidos são a nação mais inovadora do mundo. Sempre contaram com a força do seu mercado interno, a engenhosidade do seu povo e a força de suas empresas para crescer a sua economia. Sempre tiveram, também, uma forcinha de fora... seja dos mercados ávidos por produtos americanos como dos estudantes, profissionais e pesquisadores que pra lá se dirigiram em busca de qualificação e oportunidades.
Na nova geografia que hoje se desenha, há um deslocamento importante da produção de conhecimento para os países emergentes, especialmente para a Ásia. Desenvolvem-se as estruturas de formação de recursos humanos e pesquisa dos emergentes e as empresas desses países crescem e ganham musculatura internacional. Embora prematura, vale a pergunta: até quando os EUA manterão a hegemonia na produção de conhecimento e na atração/formação dos melhores quadros técnicos?
A combinação de uma nova geografia da manufatura (com os efeitos já vistos sobre o emprego) com uma nova distribuição mundial dos estoques de recursos humanos e das capacidades de formação de pessoas e pesquisa é potencialmente preocupante para a competitividade americana. Some-se a isso a questão da energia, chave para todas as economias, especialmente aquela líder no uso de fontes não renováveis. Esse conjunto de aspectos e as preocupações que deles decorrem constituem a razão de ser de organizações como o Council on Competitiveness (surgida em tempos de outras ameaças, em meados da década de 1980), dentre outras, e motivaram a criação do Comitê de Competitividade e Emprego do Governo Obama, neste ano de 2011.
Se os EUA se preocupam com competitividade... vale perguntar: e os outros? 
Vale pensar! E agir....