domingo, 17 de abril de 2022

Longe demais

 

O Brasil é um país pouco conectado com o mundo. Pouco conhecemos, interagimos e negociamos com o estrangeiro. No geral, acompanhamos o que acontece alhures por fontes secundárias ou terciárias. Nosso debate público sobre o mundo é raso. Desconhecemos as realidades complexas de tantos lugares, somos pautados por simplificações grosseiras - zero ou um, preto ou branco. 

Fomos uma nação de imigrantes. O meu Alvarez, contrabandeado pelo Prata, e tantos sobrenomes libaneses, sírios, japoneses, italianos, ingleses, alemães, ucranianos, russos.... e os pouquíssimos nomes africanos (e indígenas) que restaram do massacre humano e cultural da escravidão (não é estranhíssimo que um país onde 56% da população se declara negra quase não tenha pessoas com sobrenomes africanos? Eis a explicação: violência), são registros do passado. Hoje, estima-se que cerca de 0,6% da população brasileira seja composta por imigrantes, contra a média mundial de 3,5% e 14% nos EUA.

O desconhecimento e a desconexão com o exterior são barreiras enormes para um país que se mantém preso ao passado, tem uma economia pouco inovadora e precisa, urgentemente, modernizar-se. Aliás, o sucesso de qualquer agenda futura de inovação e competitividade passa por conexões ao exterior. Nosso conhecimento precário e as relações sempre mediadas com a Ásia, e particularmente com a China, são ainda mais alarmantes, como destacou a Tatiana na sua coluna na FSP. 

Foi nesse contexto que li, com gosto, este bom livro do Lourival Sant'Anna, figura rara no jornalismo brasileiro. O Afeganistão é longe demais, mas o Lourival já foi lá 4 vezes - a mais recente rendeu este documentário. Se não engajarmos, não entenderemos o Afeganistão e o mundo; se não entendermos, ficaremos onde sempre estivemos, longe demais.

A saída das forças estadunidenses e seus aliados do Afeganistão deu origem a acontecimentos caóticos. A guerra na Ucrânia pode tê-los varrido para um canto remoto da memória de todos nós no ocidente, mas a violência cotidiana e o conflito continuam lá. Lá e em outros cantos, estão em marcha dinâmicas que podem afetar (já afetam) a todos nós.

Talvez de um lugar distante venha um novo acontecimento a mudar a história. Talvez dele surjam novos desafios e oportunidades para o Brasil, a sua empresa, o seu negócio, a sua vida. Fique ligado, pense nisso quando estiver comendo um pãozinho quente no café da manhã. E Aproveite para celebrar que esquentar o pão ainda não ficou tão caro como na Europa

Recomendo, o pãozinho, quente. Junto com boas notícias do mundo. 

Brasil

O tempo passa, o tempo voa, and many things still the same.

Folheei há muito tempo. Li há pouco.

Continuamos a discutir a barretina da Guarda Nacional e a acreditar no orgulho da servilidade. 

F5 já.