segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Política

"A guerra é a continuação da política por outros meios".
Genial esse Clausewitz!
Leitura antiga este livro. Na minha pacífica opinião, sempre atual. Menos pelo que diz respeito a guerra em si e, muito mais, pela capacidade singular de análise sistêmica do autor.
Pensamento sistêmico da melhor qualidade.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ousadia

Li "O Erro de Descartes", de Antonio Damásio, há mais de 10 anos. Gostei bastante. Essa coisa chata de separar corpo e mente, colocar ideias, pessoas, conceitos, funções etc. em caixinhas estanques eu sempre soube que era furada... Gostei de saber um pouco mais sobre um campo do conhecimento (na verdade, dos conhecimentos) chamado de neurociências. E gostei mesmo de descobrir um pouco sobre como pensamos o que pensamos.
Sempre penso isso: como foi que eu pensei o que pensei? Falando nisso: como será que eu pensei neste post?
Miguel Nicolelis é um grande contador de histórias, um magnífico palestrante. Em 18 de setembro de 2011, realizamos um Brazil-US Innovation Lab na Duke University. A palestra dele foi ótima, arrebatou os americanos. Pergunta de vários: como podemos fazer para ter nos EUA um portfólio de projetos de educação e tecnologia como que está sendo implantado em Macaíba?
Em "Muito Além do Nosso Eu", relata os avanços das suas pesquisas com interfaces cérebro-máquina (ICM) e projeta possíveis desdobramentos futuros. As possibilidades são fantásticas e, talvez, assustadoras (o que será das nossas mentes quando libertas dos limites dos nossos corpos?). Vale ler, registrar (a minha mente, pelo menos, ainda depende do meu corpo... e também do papel, do lápis, do computador, dos arquivos na DropBox...) e conferir depois.
O projeto de maior visibilidade visa fazer que uma criança paraplégica/tetraplégica possa dar o pontapé inicial à Copa de 2014 no Brasil, usando um exoesqueleto, comandado pelo pensamento. A ideia é ousada. E os impactos possíveis são enormes - para a criança, para as neurociências, para o Brasil, para a indústria, para o Miguel Nicolelis e seu time...
Se Damásio foi para um caminho soft - tomada de decisões, Nicolelis desbrava a parte mais dura da floresta das neurociências. Conseguiu reunir gente interessada em acompanhá-lo na empreitada no mundo e no Brasil. Está a empreender.
Um legado já fica: é tempo de ousadia para fazer diferente. E uma lição: comunicar bem é essencial para esse jogo.
Recomendo pensar nisso.

Para pensar no Brasil

A Coréia do Sul tinha renda per capita de cerca de US$ 80 em 1960. Hoje, é de cerca de US$ 22,000.00. 
Nomes como Samsung (que marca é o computador, tablet ou telefone celular que você está usando para ler este post?), LG, Hyundai, SK, Kia etc. eram desconhecidos no Ocidente ('empresinhas'?). Esse certamente não é mais o caso.
A Coréia do Sul foi o único País na contemporaneidade que conseguiu sair da pobreza quase absoluta e se tornar desenvolvido. Feito notável, instigador, desafiador, singular.
Esta é uma ótima obra (disponível para download) para entender o porquê dessa transformação. De todas que li sobre o tema, foi a que mais apreciei. Recomendo, mesmo!
Maldaner escreveu com rigor, maestria nas palavras e paixão. Paixão pelo Brasil!

Fazer coisas, gerar valor

O (belo e mobilizador...) discurso do presidente Obama em Osawatomie (Kansas), em 6 de dezembro de 2011, e o State of the Union deste ano não deixam dúvidas: manufatura, inovação e capacidade tecnológica são temas de alta relevância para a agenda americana contemporânea. 
Diz Obama no State of the Union: "Ask yourselves what you can do to bring jobs back to your country, and your country will do everything we can to help you succeed". 
Manufatura gera empregos, renda, oportunidades de ascensão social... e demanda (puxa o desenvolvimento de) tecnologia, indústrias de suporte, gente qualificada etc. O poder público americano tem papel chave nesse jogo. Aliás... desde Alexander Hamilton foi assim.... ou alguém acha que não? Leiam o Report on Manufactures.
Este não é o meu favorito dentre os reports do Council on Competitiveness, mas é o mais contemporâneo e contém uma bela síntese das 'questões na agenda' e de propostas para a indústria americana. Resulta de quase dois anos de discussões, muitas reuniões e uma extensa série de seminários com empresas, universidades e trabalhadores. É um tipo de circuito de diálogo, reflexão e proposição de idéias elaborado e denso, que ainda precisamos desenvolver aqui no Brasil.
Dois destaques... 
Primeiro, o nexo de que manufatura e inovação andam de mãos dadas: quem perder a capacidade de manufatura, cedo ou tarde, perderá a capacidade de inovação. 
Segundo, a ideia de que o apoio público e fundamental para a 'virada' da indústria americana. Muito do que aqui pouco se compreende (financiamento público, investimento em ciência e tecnologia, gastos com pesquisa e desenvolvimento etc.), está muito claro nas propostas do Make. No campo das propostas e ações, vale marcar o exemplo dos consórcios público-privados para viabilizar o acesso a competências em tecnologia de manufatura e infraestrutura de computação de alta performance para empresas de pequeno e médio porte. Vejam um exemplo articulado pelo Council, com financiamento do Governo dos EUA (via a EDA), governo estadual, empresas, universidade (Purdue).
Já tinha escutado um discurso enfático do Jeff Immelt sobre a importância da manufatura para os EAU. Jeff Immelt, diga-se de passagem, que além de ser CEO da GE também coordena o Comitê de Empregos e Competitividade do Governo Obama. Aliás... Comitê esse que, em novembro de 2011, apresentou ao Presidente dos EUA propostas para a recuperação da manufatura que incluem financiamento a plantas piloto, subvenção econômica, extensionismo tecnológico, apoio às exportações etc.
Vale ler e pensar sobre o Brasil e a nossa política industrial.



Brasileiros no mundo

Conforme estimativa do MRE, existem mais de 2,5 milhões de brasileiros morando fora de Pindorama.
Muitos dos brasileiros lá fora estão organizados em comunidades, clubes, grupos de capoeira! Tem de tudo.... veja aqui!
Mas falta uma coisa: uma rede diáspora estruturada para a promoção de negócios, capaz de suportar empreendedores brasileiros, lá fora e aqui no País.
Esta edição de novembro de 2011 da The Economist traz boas matérias sobre 'diásporas' (sob a ótica dos negócios e da economia), especialmente a indiana e a chinesa. Vários exemplos sobre como indianos e chineses no exterior ajudam (i) companhias daqueles países a vender e/ou entrar em vários mercados internacionais e (ii) a atrair investimentos internacionais.
Um dado interessante (não está na The Economist, li em um jornal de Washington faz tempo): 42% das empresas de biotecnologia da região de Washington (DC, EUA) tem participação indiana.
Mas afinal de contas.... para que serviria uma rede diáspora brasileira articulada? Para gerar negócios para o Brasil e os brasileiros.... Integrantes da rede poderiam:
1. fazer o mentoring de empresas brasileiras que queiram acessar outros mercados (mercados nos quais os membros da diáspora trabalham/vivem);
2. ajudar investidores de outros países a identificar oportunidades e interlocutores (possíveis parceiros de negócios etc.) no Brasil;
3. contribuir para projetos de tecnologia no Brasil.
A Índia tem uma iniciativa pública para reconhecer indianos no exterior. Conta também com uma poderosa rede de empreendedores (TiE) voltada à promoção de negócios em áreas tecnológicas, organizada em dezenas de seções (chapters), presentes em 14 países. O Brasil ainda não! Já é tempo! Brasileiros no mundo não faltam!
Brasileiros ocupam posições executivas em grandes corporações de tecnologia globais. Brasileiros são empreendedores de tecnologia em ambientes dinâmicos. Brasileiros são professores, pesquisadores e cientistas seniores em universidades e organizações tecnológicas relevantes mundo a fora. Contudo, esse pessoal não está conectado de forma estruturada ao País e, no geral, somente reconhecemos, premiamos, reverenciamos, valorizamos e 'badalamos' artistas, modelos e esportistas (vide a lista de membros da diáspora brasileira na Wikipedia). Como contraste, vale olhar a lista da diáspora chinesa na Wikipedia.
Uma rede diáspora brasileira, para funcionar, deveria (i) conectar empreendedores, cientistas e executivos brasileiros no exterior, (ii) gerar oportunidades de negócios e projetos para os membros da diáspora e (iii) reconhecer aqueles que mais se destacam.
Por enquanto, temos a iniciativa de negócios do Flavio Grynszpan, no início, e uma tentativa feita pela ABDI em 2010 de viabilizar a montagem de uma rede diáspora brasileira, em conjunto com outros órgãos públicos.
Vamos ver o que será possível e o que acontecerá daqui para a frente.




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Existir em Lisboa… viver em qualquer lugar.

Lisboa foi um fantástica surpresa para o início de 2012. Vale a visita. Cidade bela, agradável, amigável, aprazível... come-se, bebe-se, vive-se bem!
Este livro foi surpresa ainda maior! Não foi escrito por um português (aliás... não foi escrito por quem parece ter sido escrito...) e nem tem a ver diretamente com a cidade. Também não é sobre a alma portuguesa, como diz a propaganda da edição portuguesa. É universal, Lisboa é só cenário.

É sobre o que somos. O que queremos. O que pensamos ser. Cada um de nós. Vale pensar.