quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Simulação

Uma das funções da literatura é nos permitir ‘sentir’, ‘experimentar’ e refletir sobre coisas que não vivemos. Permite-nos ‘simular’ experiências sociais e, adiciono eu, sentimentos.
Rancor e maldade. É o que marca essa boa história do Sérgio Rodrigues. Gostei, mas fiquei com um gosto amargo na boca, uma vontade louca de transformar uma história que não existiu.
É um sentimento potencializado por passagens do (ótimo) filme do final de semana passado: “O Mordomo da Casa Branca”. No caso do filme, a maldade era coletiva, movida pela ignorância do preconceito racial. Não é o que acontece no livro, no qual a maldade é pessoal, muito pessoal, forjada pelo mais profundo rancor, surgido de coisas muito mundanas.
Como as pessoas podem ser tão ruins, más, perversas, cegas, ignorantes, mesquinhas, covardes, perversamente humanas?
Nem só de good vibrations vivemos, certo?
Mas vale ler o livro. Além de nos permitir 'sentir coisas que não vivemos' e deixar um gosto amargo, rende boas risadas.

Produtividade

Os salários no Brasil são altos? Não! Mas estão crescendo mais do que a nossa capacidade de gerar riqueza.
O Brasil é um País no meio do caminho. Apesar dos avanços sociais das últimas décadas, muita gente ainda se encontra em um mundo paralelo dominado pela pobreza, a violência e a falta de oportunidades, muitas ‘empresas’ e trabalhadores estão fora do ‘mercado formal’ e muitas empresas (digo, aquelas com CNPJ e tudo mais) estão longe dos padrões de desempenho e eficiência encontrados nos mercados e nas corporações mais avançadas.
Para avançarmos, precisaremos, cada vez mais, aumentar a produtividade da economia brasileira e de nossas empresas. Isso dependerá de várias coisas: trabalhadores mais qualificados, processos de gestão mais estruturados, sistemas e equipamentos etc.
Esta edição da Exame PME joga um pouco de luz sobre a questão da produtividade nas empresas brasileiras. É um desafio a enfrentar.
E não nos enganemos.... existem vários problemas fora das empresas (a complexidade tributária é gigantesca, a infraestrutura deixa a desejar etc.), mas dentro dessas a situação não é boa. No geral, as empresas brasileiras são menos produtiva que as americanas, europeias, japonesas.... A experiência empírica sugere que a utilização dos ativos (os equipamento) é muito baixa – veja um artigo a respeito aqui. Ou seja, muitas empresas compram equipamentos modernos (e se enganam pensando que assim estão melhorando o desempenho, quando muitas vezes podem estar piorando os seus resultados) e não ‘tiram’ deles o que poderiam tirar. Por quê? Porque não sabem usar os equipamentos, não tem gente qualificada para fazê-lo, não treinam os funcionários, programam mal a produção e deixam os equipamentos parados, porque esses ficam parados porque estão quebrados ou não tem peças para processar (talvez outras máquinas que forneceriam tenham quebrado ou fabricado itens com defeito), porque simplesmente compraram as máquinas erradas etc.
Qual é a razão para isso acontecer nas empresas? São duas:
  1. Eles não precisam ser eficientes... ganham dinheiro mesmo sendo pouco eficientes, com mercados protegidos e pouco exigentes, clientes que compram produtos com preços altos, donos que se contentam com resultados abaixo do que poderia ser obtido;
  2. Há um déficit de conhecimento/capacitações nas empresas, que não tem gente qualificada para entender o funcionamento, operar e melhorar os processos de manufatura. No limite, o problema é de falta de conhecimento!
Vale a pena pensar sobre isso.... e o que quer dizer para a sua empresa, o Brasil e a sua carreira. É bom que esse debate vá para a mídia. É necessário que se estude e discuta amplamente o tema na sociedade.
Produtividade é uma questão chave para o Brasil, a sua empresa e cada um de nós!

Estamos distantes

Há um evento na Arábia Saudita chamado GlobalCompetitiveness Forum (GCF). Realiza-se anualmente em Riad, nos dias que antecedem o ‘Encontro Anual' do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça. Ambos, em diferentes medidas, contam com a presença de líderes empresariais, governamentais, empreendedores e ‘pensadores’ do diversos países.
Fui pela primeira vez ao GCF em 2010. Não havia nenhuma companhia chinesa por lá, apenas pessoal de mídia e serviços financeiros de Hong-Kong. Em 2014 foi bem diferente: ocorreu uma sessão especial sobre investimentos chineses no Norte da África e Oriente Médio (em inglês: MENA).
Não por acaso, imagino, a edição de janeiro da The Middle East Magazine tratava das relações econômicas da China com os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC).  
É crescente a participação nos negócios na Região de empresas do Império do Meio. Investimento, exportações de todos os tipos de produtos e importações de matérias-primas. Padrão recorrente esse, não lhe parece?
Enquanto isso, pergunta-me um empresário saudita em um dos jantares do evento: por que a participação brasileira é tão tímida? “Existem várias empresas brasileiras com produtos de alimentos aqui, mas ninguém sabe, não tem marcas....”; por quê? Boas perguntas.
Conhecemos muito, muito pouco da Ásia, do Oriente Médio ao extremo leste. Perdemos muitas oportunidades.
Será que nós de cá vamos deixar de lado as oportunidades de lá?

Mainstream

Certa vez escutei o Tony Blair (que hoje é palestrante, consultor, pensador, político, celebridade... confira no The Tony Blair Office) falar que, no início de seu período como Primeiro Ministro do Reino Unido, achava importante conversar e ter reuniões com os executivos de grandes empresas britânicas, mas que só no final dos seus dez anos nesse posto percebeu a importância de conversar com os “novos empreendedores”. No geral, os governos são prisioneiros das grandes corporações, das entidades empresariais mais poderosas e tradicionais, dos lobbies e dos ‘lobistas’ com recursos abundantes, de velhos interesses institucionalizados, das várias 'corporações'. É difícil desfazer esses circuitos. É difícil abrir espaço para o novo.
Mas o novo vem aí... Há um livro relativamente famoso escrito por dois ex profissionais da McKinsey (baixe aqui um extrato gentilmente oferecido por um 'servidor internet' dessa firma de consultoria), no qual encontramos a previsão de que 75% das 500 maiores empresas que existirão em 2020 ainda não existiam em 2011 (ano de lançamento do livro). É muita coisa! O que você acha?
Pois bem... há todo um ‘movimento’ de startups que ganhou grande visibilidade recentemente, a ponto da The Economist fazer um ‘special report’ sobre startups. Vale ler.
Agora, entre nós... essa história de startups não é nova. O que mudou então? Três coisas:
  1. Tem se tornado hegemônica a noção de que startups são empresas à busca de um modelo de negócios, ideia lançada e consolidada pelo Steve Blank. É uma nova forma de compreender o que é e como se 'desenvolve' uma empresa;
  2. O conhecimento necessário para criar, testar e validar o modelo e operar uma startup está cada vez mais codificado e tem sido ‘ensinado’ de velhas (p.ex.: cursos) e novas formas (p.ex.: aceleradoras);
  3. Empreender está virando (já é...) um estilo de vida para muita gente.
E essa nova onda chegou ao mainstream, se não fosse assim não estaria na The Economist. Tá dominado!
Por aqui.. vou brincando (e me divertindo muito com isso) de escrever e fazer entrevistas para a Startupi, primeiro e principal veículo de mídia brasileiro dedicado startups.
Vale ler... o report da Th Economist e a Startupi, todos os dias!!