A data na qual escrevi este post tem grande simbolismo. Foi o dia do lançamento derradeiro do space shuttle da NASA, que parte em sua última missão. Chega ao fim uma era.
A The Economist (ainda vou assinar... por enquanto só leio os exemplares que pego em aviões...) traz um artigo e duas matérias sobre o fim do programa do ônibus espacial. Existem três questões a analisar nessa história: o sentido simbólico do programa, a sua capacidade de impactar a economia americana e a hegemonia dos EUA no mundo contemporâneo (e o mundo novo que esta aí a despontar, com o deslocamento do centro geopolítico para a Ásia).
Não vou discutir o sentido simbólico do programa. A conquista (na verdade, tratou-se de uma viagenzinha curta, não chegamos à esquina do quarteirão que habitamos) do espaço foi/é uma aventura fantástica da humanidade. Deixo a imaginação viajar mais longe que a Voyager. A questão da The Economist é: será que essa aventura ainda tem o charme de antes? É capaz de mobilizar corações (mais) e mentes (menos)?
Agora... é indubitável o impacto econômico do programa espacial americano para aquele País. De um lado, pelos elevados gastos (na década de 60 o Programa Apollo chegou a consumir mais que 4% do orçamento federal americano). De outro, pelos resultados: milhares de novas tecnologias e empresas criadas (e financiadas com recursos públicos americanos), que impulsionaram a inovação em diferentes domínios dos negócios, empregos, estímulo à pesquisa etc. Em suma, todo um ecossistema que muito contribuiu (e contribui para a liderança tecnológica americana).
Se os EUA desmobilizam o programa do ônibus espacial e existem dúvidas sobre o futuro da NASA (enquanto isso, o programa espacial militar cresce, informação da mesma The Economist), outros países ‘põem as manguinhas de fora’; ou melhor, os astronautas e taikonautas fora de da Terra. Em 2025 os chineses planejam colocar um taikonauta na Lua – não assisti a chegada dos americanos, talvez testemunhe à distância a Lua inaugurar seu primeiro comitê do Partido Comunista Chinês. Até lá, eles comprarão muitas empresas aqui na Terra, americanas, brasileiras, européias – outra matéria da Revista é sobre este assunto.
Pensando em tecnologia, empresas e o impacto possível de projetos espaciais, lembro-me do nosso Brasil. Penso no Brasil....
Nosso programa espacial é bastante limitado, não temos gigantes de tecnologia (eletrônica, bens de capital...), não dispomos de recursos nos montantes vistos em outros países, perdemos capacitações com a explosão da base de Alcântara etc.
Mas, saindo do céu e indo para o fundo do mar, temos uma oportunidade singular: explorar os recursos do pré-sal, de forma coordenada com a promoção da indústria brasileira e a melhoria da sua capacidade de engenharia, de gestão de negócios, de inovação.
Pensando na questão que a The Economist coloca, pode-se argumentar que o pré-sal não tem o charme do espaço. É evidente que não! Mas a exploração do pré-sal será uma bela aventura (não só) tecnológica também. Irá requerer novas soluções e competências.
A Petrobrás tem plano de investimentos de mais de US$ 224 bi para os próximos anos. Certa vez o ex-presidente Lula disse: “o pré-sal é a NASA do Brasil”. Boa! É isso mesmo... ou melhor, pode ser. Caberá a nós construirmos as condições para que isso possa se tornar realidade. Aí então, o Brasil poderá pensar em vôos mais altos, mesmo que no fundo do mar. Aí sim, os nossos sonhos de desenvolvimento e um País mais próspero e justo poderão decolar.
Vale a pena tentar, voar, submergir!
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