sexta-feira, 15 de julho de 2011

Vamos decolar?!?!!

Nasci na era espacial, um ano depois do homem pisar na lua (minha avó paterna nunca acreditou nessa história, mas eu sim...). Entusiasmado, assisti  na TV à série Cosmos, apresentada pelo inspirador Carl Segan – encantei-me e quis virar cientista. Vibrei com ET quando já beirava a adolescência (e gostei do brinquedo no parque de Orlando quando lá estive, bem mais crescidinho). Sonhava e desenhava foguetes e naves espaciais quando pequeno. Adorei conhecer o INPE, fascinei-me como uma criança com o National Aerospace Museum, no National Mall americano. Fui (sou?) fã do seriado Arquivo X, maravilhei-me sempre com as estrelas no céu na Campanha do Rio Grande do Sul e desde muito acreditei que “há algo lá fora”.
A data na qual escrevi este post tem grande simbolismo. Foi o dia do lançamento derradeiro do space shuttle da NASA, que parte em sua última missão. Chega ao fim uma era.
A The Economist (ainda vou assinar... por enquanto só leio os exemplares que pego em aviões...) traz um artigo e duas matérias sobre o fim do programa do ônibus espacial. Existem três questões a analisar nessa história: o sentido simbólico do programa, a sua capacidade de impactar a economia americana e a hegemonia dos EUA no mundo contemporâneo (e o mundo novo que esta aí a despontar, com o deslocamento do centro geopolítico para a Ásia).
Não vou discutir o sentido simbólico do programa. A conquista (na verdade, tratou-se de uma viagenzinha curta, não chegamos à esquina do quarteirão que habitamos) do espaço foi/é uma aventura fantástica da humanidade. Deixo a imaginação viajar mais longe que a Voyager. A questão da The Economist é: será que essa aventura ainda tem o charme de antes? É capaz de mobilizar corações (mais) e mentes (menos)?
Agora... é indubitável o impacto econômico do programa espacial americano para aquele País. De um lado, pelos elevados gastos (na década de 60 o Programa Apollo chegou a consumir mais que 4% do orçamento federal americano). De outro, pelos resultados: milhares de novas tecnologias e empresas criadas (e financiadas com recursos públicos americanos), que impulsionaram a inovação em diferentes domínios dos negócios, empregos, estímulo à pesquisa etc. Em suma, todo um ecossistema que muito contribuiu (e contribui para a liderança tecnológica americana).
Se os EUA desmobilizam o programa do ônibus espacial e existem dúvidas sobre o futuro da NASA (enquanto isso, o programa espacial militar cresce, informação da mesma The Economist), outros países ‘põem as manguinhas de fora’; ou melhor, os astronautas e taikonautas fora de da Terra. Em 2025 os chineses planejam colocar um taikonauta na Lua – não assisti a chegada dos americanos, talvez testemunhe à distância a Lua inaugurar seu primeiro comitê do Partido Comunista Chinês. Até lá, eles comprarão muitas empresas aqui na Terra, americanas, brasileiras, européias – outra matéria da Revista é sobre este assunto.
Pensando em tecnologia, empresas e o impacto possível de projetos espaciais, lembro-me do nosso Brasil. Penso no Brasil.... 
Nosso programa espacial é bastante limitado, não temos gigantes de tecnologia (eletrônica, bens de capital...), não dispomos de recursos nos montantes vistos em outros países, perdemos capacitações com a explosão da base de Alcântara etc. 
Mas, saindo do céu e indo para o fundo do mar, temos uma oportunidade singular: explorar os recursos do pré-sal, de forma coordenada com a promoção da indústria brasileira e a melhoria da sua capacidade de engenharia, de gestão de negócios, de inovação.
Pensando na questão que a The Economist coloca, pode-se argumentar que o pré-sal não tem o charme do espaço. É evidente que não! Mas a exploração do pré-sal será uma bela aventura (não só) tecnológica também. Irá requerer novas soluções e competências.
A Petrobrás tem plano de investimentos de mais de US$ 224 bi para os próximos anos. Certa vez o ex-presidente Lula disse: “o pré-sal é a NASA do Brasil”. Boa! É isso mesmo... ou melhor, pode ser. Caberá a nós construirmos as condições para que isso possa se tornar realidade. Aí então, o Brasil poderá pensar em vôos mais altos, mesmo que no fundo do mar. Aí sim, os nossos sonhos de desenvolvimento e um País mais próspero e justo poderão decolar.
Vale a pena tentar, voar, submergir!

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