quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Fazer coisas, gerar valor

O (belo e mobilizador...) discurso do presidente Obama em Osawatomie (Kansas), em 6 de dezembro de 2011, e o State of the Union deste ano não deixam dúvidas: manufatura, inovação e capacidade tecnológica são temas de alta relevância para a agenda americana contemporânea. 
Diz Obama no State of the Union: "Ask yourselves what you can do to bring jobs back to your country, and your country will do everything we can to help you succeed". 
Manufatura gera empregos, renda, oportunidades de ascensão social... e demanda (puxa o desenvolvimento de) tecnologia, indústrias de suporte, gente qualificada etc. O poder público americano tem papel chave nesse jogo. Aliás... desde Alexander Hamilton foi assim.... ou alguém acha que não? Leiam o Report on Manufactures.
Este não é o meu favorito dentre os reports do Council on Competitiveness, mas é o mais contemporâneo e contém uma bela síntese das 'questões na agenda' e de propostas para a indústria americana. Resulta de quase dois anos de discussões, muitas reuniões e uma extensa série de seminários com empresas, universidades e trabalhadores. É um tipo de circuito de diálogo, reflexão e proposição de idéias elaborado e denso, que ainda precisamos desenvolver aqui no Brasil.
Dois destaques... 
Primeiro, o nexo de que manufatura e inovação andam de mãos dadas: quem perder a capacidade de manufatura, cedo ou tarde, perderá a capacidade de inovação. 
Segundo, a ideia de que o apoio público e fundamental para a 'virada' da indústria americana. Muito do que aqui pouco se compreende (financiamento público, investimento em ciência e tecnologia, gastos com pesquisa e desenvolvimento etc.), está muito claro nas propostas do Make. No campo das propostas e ações, vale marcar o exemplo dos consórcios público-privados para viabilizar o acesso a competências em tecnologia de manufatura e infraestrutura de computação de alta performance para empresas de pequeno e médio porte. Vejam um exemplo articulado pelo Council, com financiamento do Governo dos EUA (via a EDA), governo estadual, empresas, universidade (Purdue).
Já tinha escutado um discurso enfático do Jeff Immelt sobre a importância da manufatura para os EAU. Jeff Immelt, diga-se de passagem, que além de ser CEO da GE também coordena o Comitê de Empregos e Competitividade do Governo Obama. Aliás... Comitê esse que, em novembro de 2011, apresentou ao Presidente dos EUA propostas para a recuperação da manufatura que incluem financiamento a plantas piloto, subvenção econômica, extensionismo tecnológico, apoio às exportações etc.
Vale ler e pensar sobre o Brasil e a nossa política industrial.



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