quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Nunca é fácil - Modelos mentais II

"Strangers aren't easy."
Precisa dizer mais?

Brasil potência

 

Este livro contém logo em suas páginas iniciais um mapa que eu não conhecia. Ele representa os países no mapa mundi conforme a sua 'produtividade primária bruta'. Eu nunca tinha visto isso, não conhecia o conceito. O Brasil é potência. 
O Brasil também é aposta. E foi nessa aposta que tive o prazer de entrevistar o Jorge Caldeira e trabalhar com a energética Luana Schabib, minha partner in crime no CarbonoCast -- nosso papo de final de ano está aqui.
Recomendo apostar no Brasil e na nascente bioeconomia. Que venha 2026.

Darcy?

 

Confesso: sou impressionável. E este livro me impressionou pela capacidade do João Moreira Salles de explicar algo que é extremamente complexo; o texto, eu já sabia que seria primoroso. Lembrei de Darcy Ribeiro. Brilhante. Brilhantes.
Eu costumava pensar que, se resolvêssemos o Rio de Janeiro, resolveríamos o Brasil. Durante muito tempo, isso me pareceu fazer sentido. Neste ano, Arrabalde, mudei de ideia. 
Acho que, se conseguirmos resolver a Amazônia, resolveremos o Brasil. Não apenas como território ou bioma, mas como projeto de país, como ideia de futuro, como teste definitivo da nossa capacidade de construir instituições, gerar desenvolvimento e conviver com a complexidade. 
O tamanho do desafio é gigantesco, descomunal, de uma imensidão amazônica. Ele abarca desde as enormes diferenças nos modelos mentais (leia, para entender)tema recorrente de leituras, conversas e reflexões neste ano — até a nossa precária institucionalidade. Deixo apenas esta frase que está no livro: "...na Amazônia, crime é investimento" — e tudo isso é pela terra, possível pela não aplicação da lei e centralmente habilitado pela política. O alcance disso tudo é enorme, não se limita à Amazônia. 

Modelos mentais

 

Eu sempre adorei pesquisa operacional e modelagem. Aliás, ainda adoro. Meu mestrado foi sobre isso. Mas, já ali, eu tinha ido para o lado daquilo que se chama de pesquisa operacional soft. Trata-se de lidar com problemas complexos, sobre os quais não se tem clareza sobre 'qual é o problema' e as diferenças nas visões de mundo importam — mais do que isso, são determinantes.

Este livro de Ailton Krenak parte de um modelo mental que é fundamentalmente diferente daquele ao qual nós, profissionais, especialmente nós que fazemos parte da chamada cultura ocidental, estamos acostumados. Ele parte de outro referencial.

Para além daquilo que os olhos veem, os modelos mentais são determinantes. Eles moldam o que entendemos como problema, como solução, como mundo.

Recomendo pensar sobre isso.

Faraway

Somos o resultado de muitas coisas. Daquilo que vivemos, do que vemos, do que sentimos, do caminho que seguimos e daqueles quem encontramos ao longo da jornada. 
Qualquer caminho sempre tem um ponto de partida. Em 2025, a vida me levou de volta a Santana do Livramento, que ainda era Sant'Ana do Livramento quando vivi e estudei lá. Pelo jeito, o apóstrofo ficou pelo caminho, como muitos que conheci.
Vim de longe, em todos os aspectos. Voltando a esse lugar de onde vim, onde nasci, encontrei este livro de uma antiga professora, que explica coisas que eu não sabia. 
Sempre gostei de história. Em 2025, aprendi um pouco mais sobre a história do lugar que, de muitas formas, conformou a minha própria história. E você, o que aprendeu?

Que aventura!

Esta revista é do final de 2024, e muita coisa aconteceu desde então - no mundo, na economia espacial, nos Estados Unidos, na NASA, na sua, na minha e nas nossas vidas. Apesar de tudo, o rumo segue o mesmo. Alto e avante. Ad Astra.
Estamos apenas no início de uma jornada que nos levará muito longe, como escrevi com meu colega e amigo Sidney Nakahodo neste artigo na Exame (advirto: a data no texto está errada, você perceberá, espero).
Que aventura! 

Perante a lei (e tudo mais)

 

No início do ano li esta edição da sempre cuidadosa e burilada Piauí. Contém relatos de piruetas mais tarde supostamente escancaradas - os dados continuam a rolar.
Lendo sobre piruetas, lembrei que certa vez fui a um jantar em Brasília, com um amigo. Chegando lá, havia um amigo do amigo, um advogado que atua nos tribunais superiores. Ao longo da noite, o amigo do amigo compartilhou várias histórias, mas, em síntese, comentou algo que ficou comigo:  "...em Brasília, as grandes questões no Judiciário acabam sendo resolvidas por meio de relações". Ficção ou realidade? Você decide.
Avançamos bastante nos últimos 525 anos, é verdade, mas a nossa institucionalidade, em grande medida, segue pouco republicana. Diante de uma história marcada por personalismos, privilégios e relações, ainda temos muito a avançar. Recomendo que você pense nisso.

Quem é que vai pagar por isso?

É difícil afirmar com certeza... mas creio (isso muda, conforme a época, o astral, o estado das coisas...) que meu livro favorito é A Montanha Mágica. Passa-se 'entre guerras'. 
Sinto que vivemos tempos parecidos. Há tensão no ar.
Guerras dão 'boot no sistema', local ou global. Há os que perdem e os que ganham, sempre.
O 'Preço da Paz' não é um livro sobre economia. É um livro sobre pessoas e o planeta, e também sobre Keynes. Gentes e sociedades são políticas. Como me lembra um brilhante amigo economista: não há economia sem política. Pense nisso quando estiver estampado na mídia que 'tudo se trata de uma análise técnica'; nunca é.
Qual é o preço da paz para você?