Quanta
simplificação e
quanta bobagem se escreve sobre economia no Brasil. Quanto lugar comum. Quanto
desconhecimento da história. Quanto blá, blá, blá sobre os limites teóricos do crescimento e os cálculos dos especialistas (no
que mesmo?) de plantão, os mercados livres e a sua auto-regulação, a importância de se manter os juros
altos para minimizar o o risco da volta da inflanção e a necessidade do Estado
ficar ausente das atividades produtivas.
Valham-me
Schumpeter, Marx, Braudel, Nelson, Keynes!
Vale ler
algo inteligente de vez em quando. Pena que raramente coisas desse tipo estão na mídia econômica que escreve e fala (pior
ainda neste caso...) em Português....
Pois bem,
esta edição deThe Economist (que como todos sabemos é liberal, mas certamente não mal informada ou dada a superficialidades e banalidades...)
traz um bom debate sobre o papel do estado nas economias modernas (modernas?).
A crise de 2008, 2009, 2010, 2011, 2012... (ufa... até quando?) evidenciou algo que
já deveríamos saber, e que muita gente
ainda não vê: existem vários caminhos para o
desenvolvimento e o sucesso econômico de uma nação, mas nenhum desses é um caminho no qual o mercado resolve tudo!
Ah... a
tal mão
invisível...
aquela danada! Entrou no bolso sem ser notada e bateu a carteira de muita gente
por aí! Em
especial gente que já era pobre!
Precisamos
de regulação e
livre iniciativa, investimento público e privado, empreendedorismo privado e público, geração de riqueza e sua distribuição, preços competitivos e bons salários, disposição para o risco e proteção contra o risco, governo e
mercado (e muita, muita, sociedade civil)!
Foi assim
na crise de 1930. Os EUA botaram a economia nos trilhos (literalmente...) com
muito investimento público, com regulação dos mercados e com a criação de garantias para indivíduos, empresas e a sociedade.
Há um belo livro de David Kennedy
a respeito: Freedom from Fear - Kennedy ganhou o Pulitzer em 2000 por essa obra. Recomendor ler!
Países em estágios distintos de
desenvolvimento requerem participações distintas do poder público. Cada país tem um arranjo político e social próprio e possui um ambiente
institucional único
- as regras do jogo não são as mesmas para todos. Os estoques de recursos naturais,
competências
e capitais diferem de país para país, e entre momentos históricos distintos de um mesmo país. Logo: não existe a solução única para o problema do
desenvolvimento... é uma miragem acreditar que há 'the one best way'.
Mas temos
pistas! Cada vez mais! Uma delas é que precisamos de uma atuação que combina estado e
mercado. O caminho é o caminho do meio!
Como a
capa da revista é
sobre China comento: a China só é modelo para a China, mas serve para falsear algumas hipóteses liberais. Aliás, pensar em um esquema
popperiano dedutivo seria uma boa para quem pensa que a Economia ensinada nos
manuais de economia é ciência. Na verdade, não se pode separar economia de história, sociologia, política... sob pena de se cair,
como de costume, em uma simplificação barata e ideias abstratas e sem sentido, descoladas da
realidade.
Vale que todos reflitam. Especialmente quem estuda ou fala sobre economia!
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