domingo, 17 de agosto de 2014

Política

Como será que faremos política no futuro? Como será a participação dos robôs? Como nos sentiremos discutindo com eles nossas preferências, ideias, prioridades, interesses, vontades....? Faremos isso?
Bem, antes disso, teremos que nos resolver entre nós.
Jogo difícil, meus caros humanos. Necessário!
O Asimov combinava de forma ímpar conhecimento científico com criatividade e uma aguçada sensibilidade para as 'questões humanas'. Precisaremos de um pouco disso para construir uma ponte com um futuro melhor, mais justo, livre e humano.

Stylish industrial policy

A trilha sonora da Rádio Monocle 24 é das melhores que conheço, contemporânea, descolada, global, com qualidade. 
Escuto bastante rádio, acho que é hábito de gente velha (eu), não? Com certeza é influência do meu pai e da 'cultura de rádio' do RS. Não tenho elementos factuais suficientes, mas acho que tem várias particularidades em relação ao resto do Brasil.
Bem... se rádio é coisa antiga, a Monocle não tem nada disso. É uma das publicações mais descoladas que existem. Mistura design, moda, tecnologia, negócios, política internacional, tendências, maluquices, novidades, consumo, comportamento, vida digital, viagem etc. etc.
Esta edição tem uma matéria sobre a 'nova onda' da manufatura em setores tradicionais da indústria, como confecções, móveis, têxteis. São exemplos originados em diferentes países, na maioria emergentes (p.ex. Turquia) ou aqueles menos avançados (p.ex. Portugal) que integram blocos poderosos como a União Européia. Todas as iniciativas tem um traço comum: o foco na geração de valor agregado, diferenciação de produtos, inovação, aplicação intensiva de conhecimento aos processos industriais. 
Não há segredo! Há novidade? 
Sim, há uma olhar renovado sobre o tema política industrial ao redor do planeta. Muito além de proteção de mercado e substituição de importações, as versões modernas estão mais para políticas de desenvolvimento de capacitações (em ciência e tecnologia, negócios internacionais, empreendedorismo...); confundem-se com outras políticas e, muitas vezes, não são captadas pelos analistas. Todos os países, dos EUA à Europa, praticam políticas dessa natureza. Isso, é claro, sem mencionar a China - veja o exemplo na Monocle do que está sendo feito em Xi'an - e isso é só um grão de areia no deserto.
Resumo: política industrial pode ser stylish também!
De volta à música... não tenho saco para 'festas dos anos 80', quero mais é que venham os anos 2020, 2030... que venha o futuro, quero escutar a música que vem por aí! 
Que venham as indústrias do futuro!


PS: o grande desafio que temos no Brasil é institucional... isso ficou muito claro na série 'Diálogos de Competitividade'. Essa edição da Monocle tem exemplos de 'inovações no governo' - vale ficar de olho, por exemplo, na Estonia. Por que não temos uma estratégia realmente agressiva de governo digital no Brasil e criamos oportunidades de desenvolvimento tecnológico a partir disso? 

domingo, 3 de agosto de 2014

Ignorância

Faz tempo que li "A História Universal da Infâmia". Adorei! Sempre gostei de contos e crônicas. Talvez seja a minha companheira ansiedade que tenha moldado tal predileção. 
Mas li pouco Borges. Que falha! 
Tenho que confessar (pra mim mesmo): nunca li Poe. Tinha algum livro de sua autoria em casa na infância, mas não lembro qual. 
Do gênero que o Poe inventou, li muitos e muitos da Agatha Christie, preferindo sempre as histórias do Hercule Poirot àquelas de seus outros detetives. 
O bom deste livro do Verissimo é que ele me mostra o tamanho da minha ignorância. Nem preciso de investigação para saber!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Alemanha 7 x 1 Brasil

Foi-se a Copa do Mundo… terminou! Foi divertida, não acharam? Mas ficamos com o gosto amargo da goleada imposta pelos teutônicos. 
Não acompanho muito futebol (nenhum esporte, aliás), só em momento particulares, como o quando o Grêmio está nas fases finais da Libertadores e Copa do Brasil tem chances de ganhar o Campeonato Brasileiro. Você já percebeu, né? Faz tempo mesmo que não acompanho nada! Apesar disso, acho fantásticas as histórias sobre como um grupo de pessoas se supera ou simplesmente ‘desmorona’ e perde totalmente o rumo (usando um palavreado em voga há poucas semanas: “tem uma pane”) em um evento esportivo. Foi o que aconteceu com o time brasileiro no fatídico 8 de julho.
Esse acontecimento provavelmente irá render muito. Muitos estudos, livros, filmes, entrevistas, contos, teses de mestrado e doutorado, sonhos, delírios, análises aprofundadas e rasteiras, projetos, debates, patrocínios, dinheiro... Interesso-me pela psicologia coletiva, os aspectos táticos futebolísticos deixo para quem entende (deve existir alguém...), pois nada sei. Mas não só os aspectos psicológicos e táticos explicam o ocorrido.
Na Alemanha, a polícia mata 6 pessoas a cada ano. No Brasil, são 5 pessoas mortas pela polícia por dia. Este é um assunto bem mais sério que o futebol. É algo vital! Por definição.
De onde vem essa diferença? O que a explica?
Não há explicação simples. Quem buscar ou professar uma já começará perdendo o jogo. Misturam-se questões como ambiente social, instituições, formação e qualificação dos profissionais de segurança, condições materiais, regramento do funcionamento (compras, contratações...) do setor público, política e políticas, funcionamento do judiciário.... e por aí vai; é uma longa catilinária. Tudo está misturado, conectado, trata-se de um sistema complexo. Esse é o ponto chave do livro do Mariano Beltrame: não há solução mágica, não existe bala de prata, não existem salvadores da pátria, não há ‘a resposta’. Ponto! Bingo!
A polícia brasileira é ruim, muito ruim. Mas está melhorando! Existem bons e maus policiais. Existem unidades profissionais (poucas) e amadoras (muitas). Aliás... esse é um tema central: amadorismo. Essa é uma questão de fundo para a polícia, o futebol, o funcionamento do governo, a produtividade das empresas... O jogo Brasil versus Alemanha revela muito sobre como se organizam nossa sociedade e nossas instituições, como gerimos as nossas organizações.
Somos amadores porque nos falta método! Falta-nos método porque nos falta conhecimento! Falta-nos conhecimento porque faltam visão de mundo, referenciais internacionais e recursos! E tudo isso falta porque vontade, coragem, poder e conhecimento raramente andam juntos... e aí o sistema se torna auto recursivo.
A mudança não vem por mágica. Ocorre por partes, muitas vezes em pequenas doses. Exige liderança esclarecida (com conhecimento) e determinada, honestidade e humildade – porque errar e aprender é a regra do jogo, em qualquer coisa nova que se faz. Não existem soluções mágicas!
Não existem soluções mágicas para o futebol. Não é o treinados Fulano ou o dirigente Beltrano que vai salvar o jogo. No campo da segurança é tudo ainda mais complexo, bem mais.
Não sou um especialista em segurança. Também não me sinto capaz de avaliar as UPPs, nem quero fazê-lo ou vejo qualquer sentido nisso. Aliás, as UPPs são apenas um instrumento, um experimento, não um modelo de gestão da segurança, jamais “a solução”. Mas fico feliz em saber que há esperança, que existe gente lúcida, com uma visão orientada para um processo de mudança de longo prazo, ciente da complexidade da questão, da necessidade de se realizar dificílimas e enormes mudanças institucionais (reformar o judiciário, unificar polícias civil e militar...). Eu já achava que o Beltrame era um sujeito corajoso, pelo que vejo na mídia. 
Bem... e o que tudo isso tem a ver com Alemanha e o vexame da seleção brasileira (alguém discorda que se deva grafar com letras minúsculas o nome desse timeco)? O que mudou a história pessoal e profissional do Mariano Beltrame foi eu engajamento no primeiro grupo na Polícia Federal que começou a trabalhar com investigações estruturadas de longo prazo (as chamadas ‘operações’), com método e inteligência. Esse grupo rompeu com o amadorismo. De onde veio a ideia ou aprenderam a fazer isso? Em um treinamento sobre investigações policiais realizado na Alemanha!
Quer conhecer as estatísticas policiais da terra do Manuel NeuerVeja aqui!

Brasil urgente

A disputa do Século XXI é a disputa pelo conhecimento, disse certa vez o ‘Pepe Mujica’, em seu discurso de posse como presidente do Senado do Uruguay. Já escrevi isso em algum dos posts deste blog. Torno-me repetitivo. Preciso ler e estudar coisas novas!
Só os países que construírem e controlarem ativos de conhecimento relevantes terão um lugar ao sol no futuro. Os demais, mesmo que avancem e cresçam economicamente, jamais poderão oferecer as mesmas condições de vida aos seus habitantes que os líderes em conhecimento. Ah... não há problema se os líderes estiverem localizados muito ao norte, a 'renda de monopólio' que seus ativos de conhecimento lhes proporcionará (já proporciona) permitirá que venham passar longas férias (como já fazem) por aqui, nos trópicos!
O caminho da sofisticação econômica passa pela formação e manutenção de um contingente de pessoas qualificadas e de alto desempenho. Até hoje, a educação universitária era o (quase) único caminho para que isso fosse possível. Não será mais assim!
Estudei sempre em escolas públicas, em todos os níveis de formação pessoal. Na cerimônia de graduação em Engenharia da minha turma na UFRGS, há muitos anos, fiz questão de valorizar o caráter público e gratuito das universidades federais – estudei em uma delas. Hoje, acredito que o modelo dessas organizações não tem futuro. Ou a universidade pública brasileira se reinventa ou perderá totalmente a sua relevância; talvez morra.
O mundo sabe que educação é chave. Sempre soube. Os que estão à frente sempre apostaram nisso e seu sucesso se deve, em muito (muito, muito mesmo...), ao capital humano. Você está careca de ler a respeito na mídia, de saber. Já escrevi aqui um, dois, três, quatro posts a respeito. Muita gente infinitamente mais relevante já escreveu inúmeras e melhores coisas a respeito. O que mudou então?
Temos cada vez mais pessoas que cursaram e cursam educação superior no Brasil. Muitas e muitas delas com formação pra lá de duvidosa. Não é raro encontrar alguém que busca ascender socialmente e investe em um curso superior ‘picareta’, que ao término só deixa a dúvida: “por que não consigo emprego na minha área de formação”? Lamento pessoas... você foram enganados!
Ao mesmo tempo, criaram-se várias novas universidades federais no Brasil, de norte a sul. Terão elas todas a mesma qualidade? É evidente que não! Precisaremos de todas elas no futuro? Não sei dizer. É razoável existir uma carreia única para todas essas instituições? Acho que não. Elas cumprem a função que deveriam na sociedade? Compreendo que ainda estão distantes. 
É preciso compreender o que se passa, pensar e agir!
Vale você ler a matéria de capa desta edição da The Economist e pensar no que a mudança que está se processando na educação universitária quer (quererá) dizer para o Brasil. Use o que você aprendeu (espero) na escola.

As coisas que guardamos...

...seguem conosco para o resto de nossas vidas, queiramos ou não. Saibamos ou não.  Elas estão lá. 
Lembrar e chorar pode ser uma boa estratégia. Esconder não vai funcionar cara pálida (final de contas, ninguém consegue ficar bronzeado no inverno de Viena)! Recomento!
Agora acho que vou lá reler o Gaia Ciência, com outros olhos, um pouco embaçados, mas mais tranquilos.

#imaginanaindia

A hashtag #imaginanacopa foi super utilizada em posts no Facebook, Twitter, Instagram etc. antes da Copa do Mundo de 2014. Lembra? 
Entre o preto e o branco existem infinitos tons de cinza! Adoro esta frase, tomei-a emprestada de um amigo, genial intelectual - ele, não o que aqui escreve. Faltaram matizes nas análises sobre a Copa do Mundo 2014! Tudo foi muito exagerado. Sobrou pessimismo, superficialidade nas análises, preconceito, ignorância, politicagem, pancadaria da grossa, ufanismo, obtusidade e por aí vai. Foi!
É claro que o Brasil tem e teve muitos problemas, enormes mazelas. Não resolvemos elas antes da Copa. Demoraremos a resolvê-las. Reconheço, com tristeza. São os limites da nossa própria sociedade, daquilo que escolhemos e fazemos coletivamente. É uma enorme ingenuidade (ou maldade...) supor que resolveríamos esses problemas antes da Copa, nem o PSTU e o PCO teriam acreditado, mesmo que a tal ‘revolução’ já tivesse chegado.
É evidente que a Copa do Mundo 2014 teve problemas, muitas coisas não ficaram prontas, no geral obras viárias, e ocorreram erros. São evidências da falta de coordenação e capacidade técnica de órgãos de governos municipais, estaduais e federal. Como uma triste lembrança disso, temos o fato de que, nas duas sedes das semifinais, São Paulo e Belo Horizonte, ruíram obras viárias. Tragédias e amadorismo brasileiro no seu ‘melhor estilo’!
Francamente, não sei qual foi/será o impacto econômico da Copa 2014, vi algumas avaliações, exageradas para um lado ou outro, pareceram-me. Também não sei se fez sentido ou não termos 12 cidades sedes. Pelo que os números indicam, recuperar o investimento feito em infraestruturas dedicadas ao futebol (estádios e centros de treinamento) será muito, muito, muito difícil (se não impossível) em várias dessas localidades. 
Mas talvez existam outros benefícios... por exemplo: qual será o significado da Copa para Cuiabá quando analisado no futuro? Talvez tenha valido a pena levar jogos e pessoas de diferentes países para lá, talvez seja uma forma de conectar a cidade com o mundo, um modo de “colocar o bode na sala” - ou melhor “colocar  o bode no estádio”, instigar à mudança. Talvez não tenha sido nada disso. Só espero que o gramado não seja utilizado apenas pelos bodes no futuro. 
Tendo a crer que só o futuro irá dizer se, para cada cidade, a Copa foi um sucesso, um fracasso ou algo no meio do caminho. Dependerá mais do que está por vir e não do que já passou! Pense nisso quando você escolher nas próximas eleições! O que vem por aí? Quem vem por aí?
Que fique claro: acho que o evento foi um sucesso enorme, mas planejamos e executamos muito mal a sua preparação. Gastamos mais do precisaríamos gastar. Fomos pouco eficientes. É um reflexo do nosso ambiente institucional. Este é o Brasil que todos nós fazemos a cada dia. Todos nós.
Repetindo... É claro que o Brasil tem e teve muitos problemas, enormes mazelas. Não resolvemos elas antes da Copa. Demoraremos a resolvê-las. Reconheço, com tristeza.
Mas será que temos tantos problemas assim? Somos tão ruins mesmo? Para além dos fatos, falta-nos baliza, exageramos. Acho que temos uma enorme tendência a falar mal de nós mesmos sem sequer conhecer a realidade dos outros.
Esta edição da The Economist, da época da posse do novo primeiro ministro da Índia (uma edição mais recente já cobra resultados...), Narendra Modi, joga luz em alguns ‘desafios’ daquele País: 90% dos empregos são informais, a agricultura é feudal, a maior parte dos trabalhadores na indústria labuta em ‘fábricas’ sem energia elétrica, somente 3% da população paga imposto de renda, 600 milhões defecam ao ar livre...
Pense nisso na próxima vez em que ler no jornal que a Índia cresce mais do que o Brasil (para ficar claro: não tenho dúvidas de que o Brasil precisa crescer mais e mais rápido!) e que por essa razão nós vamos mal. Considere também adotar uma nova hashtag; tenho uma sugestão: #imaginanaindia!
O Brasil é um País ‘no meio do caminho’. Está atrás daqueles que oferecem boas condições de vida para a maior parte de sua população, tem sérios problemas, precisa avançar muito na sua institucionalidade, modernizar-se, conectar-se com o mundo, tornar-se mais próspero, justo e igualitário.
Mas não se deixe enganar... estamos à frente de outros, resolvemos há muito problemas que eles nem sonham em equacionar, somos referência para muitos que nos vem de fora, somos muitas vezes melhores aos olhos dos outros do que aos nossos próprios.
Entre o preto e o branco existem infinitos tons de cinza! Se temos que avançar, com velocidade (é preciso ter sentido de urgência), é fato que outros tem desafios bem maiores que os nossos. 
Vale imaginar como é na Índia!
#imaginanaindia

terça-feira, 24 de junho de 2014

Freedom... freedom to my people!

Nada substitui a liberdade.
Nada nunca substituirá a liberdade.
Não se iludam humanos.... 
Oinc, oinc!

Qual é o lugar?

Tenho a impressão de que, cada vez mais, o 'local' importa. Para além de quaisquer neologismos, é no 'local' que as coisas acontecem, as pessoas se encontram, os projetos se materializam, os produtos circulam, as pessoas compram/vendem... Talvez seja a minha ansiedade de 'fazer coisas concretas' que me atraia para essa ideia.
O Richard Florida, entre outros, já escreveu sobre a importância das cidades faz tempo (e eu comentei neste blog) e muita gente criou palavrinhas e negócios novos a partir disso. Resumo: sabemos há algum tempo que o 'local importa' e que há, de fato, competição entre cidades.
Rankings sempre tem problemas (conceituais e práticos), mas dão um 'cheiro da coisa'. 
Pelo sim e pelo não, é bom dar uma olhadela na edição de abril da Exame.
Você já sabe qual é o seu lugar?

sábado, 21 de junho de 2014

Yes, we can!

O avanço exponencial das tecnologias de telecomunicações, semicondutores, micro e nano dispositivos, software e outras abrem inúmeras possibilidades para a exploração do espaço e reduzem as barreiras à entrada na indústria aeroespacial. Já não são necessárias centenas de milhões de dólares para se construir um satélite, algumas dezenas de milhares já dão conta do recado hoje em dia! 
O mundo está mudando e novos modelos de organização emergem. Nada será como antes, na Terra ou no espaço! 
Você acha tudo isto muito blá-blá-blá? Veja então como:
  • a Satellogic, uma empresa argentina com 18 profissionais com 'pegada de startup' e time global, colocou dois nano satélites no espaço, o último deles, "Manolito", com um custo de US$ 70.000,00;
  • alunos de uma escola pública brasileira (isso mesmo... aquele tipo de escola que o senso comum diz que é ruim) executam um projeto no qual construindo um satélite que será colocado em órbita em breve.
Essa última história aparece rapidamente na Pesquisa Fapesp de maio deste ano. A história argentina não, mas certamente há (muito) o que se aprender com ela.
Dá para fazer diferente! Que venha o futuro!

Complexidades


Há poucos dias, Juan Manuel Santos Calderón foi eleito para um segundo mandato como Presidente da Colômbia. Sua tarefa (e promessa) principal não será fácil: terminar com mais de 50 anos de conflitos internos no País.
A realidade colombiana é complexa, muito complexa. Nestes tempos de Copa do Mundo, vale recordar as relações que lá existem entre o futebol, a política, as drogas, as estruturas governamentais, a realidade social etc. Há um excelente documentário da ESPN sobre um dos capítulos dessa história; chama-se "Os dois Escobars" (clique para assistir no YouTube).
A Colômbia vai bem nesta Copa de 2014. Joga, faz gols e dança bem! Não parece existir risco de uma tragédia como a de 1994, protagonizada por André Escobar, um dos 'Escobars' que dão título ao documentário.
O País também avança no rumo da concertação nacional, como conta a matéria de capa da edição 92 da Piauí e indicam as notícias recentes de um acordo relativo ao terceiro ponto de negociação entre o Governos e as FARCs e definição de princípios sobre o quinto - são cinco pontos ao todo.
O caminho do diálogo, por mais difícil que seja, é o único sustentável no longo prazo. Em qualquer lugar. Não existem soluções mágicas ou simples. É preciso reconhecer as diferenças e, apesar delas, por mais duras que sejam, avançar no diálogo.
Vale pensar a respeito! Vale praticar!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Eles estão no meio de nós

O mundo muda rápido. A tecnologia avança exponencialmente. Não sabia? Está com a cabeça no passado? Veja este post sobre tecnologias exponenciais e tome fôlego para ler algo do Ray Kurzveil
Apesar de 'antiga' (foi lançada em 2013...), esta publicação da Time continua interessante para uma introdução às aplicações da robótica, para além dos clichês.
Para 'ver mais', bastará assistir à cerimônia de abertura da Copa do Mundo, em 12 de junho. Nesse dia, uma criança tetraplégica caminhará de novo e dará o 'chute inicial' no evento. Tudo isso, graças à combinação de neurociências (neurotecnologias) e robótica. Vale assistir!
Eles estão no meio de nós (e muito breve dentro de nós)... e nós, cada vez mais, estaremos no meio deles.

sábado, 26 de abril de 2014

Oportunidade distante

População estimada: 63 milhões de habitantes.
Percentual que tem acesso à internet: 1%.
Percentual que tem acesso à internet: 6%.
Que país é esse? Leu a capa da Focus Asean ao lado e pensou Myanmar? Acertou!
Fato recente: duas empresas estrangeiras, Telenor e Ooredoo, respectivamente da Noruega e do Qatar, ganharam licitações para implantar redes nacionais de dados e telefonia móvel.
Olha só a oportunidade...
Em (muito) poucos anos o percentual de usuários de telefonia celular aumentará, muito, muito. Além disso, existem outras oportunidades para redes de dados, wireless, internet etc.
Quer ganhar dinheiro como empreendedor internet? Vale pensar a respeito!

A vida em uma (motor)bike

Lugar divertido esse... o Vietnã!
Pense rápido... qual é o número ótimo de pessoas em uma motoca?
...
...
...
Pensou? Resposta: quatro!
Uma pessoa só não tem sentido em uma moto, certo? Duas é muito pouco, três ainda deixam lugar sobrando (considerando os biótipos vietnamitas...), cinco não cabem. Logo... o "ponto ótimo" é quatro!
Ho Chi Minh City (a antiga Saigon... aquela dos filmes sobre a Guerra do Vietnã) tem entre 8 e 9 milhões de habitantes e 5 milhões de motos. Excluindo-se crianças e idosos que não dirigem, fica quase uma moto por pessoa. Olha só que trânsito...
Mas não é só gente que anda de moto... tudo é transportado de moto.
Veremos até onde isso vai. O Vietnã tem crescido o PIB per capita cerca de 4,5% ao ano.... Dentro de algum tempo todo esse pessoal andará de carro!
Vale conhecer agora. E voltar lá depois para conferir!

Nós, os bichos

Hesitei horas
antes de matar o bicho,
Afinal,
era um bicho como eu,
com direitos,
com deveres,
E, sobretudo,
incapaz de matar um bicho,
como eu.

PL, 1976.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Inveja

Este post poderia ter como título "ambição", "futuro"... ou outros nessa linha.
Mas inveja - uma 'boa inveja' de verdade, não uma 'inveja negativa, é o mais apropriado. 
A cada ano a NASA publica um livro chamado "Spinoff". Há um site específico da NASA sobre spinoffs.
Imagino que você já escutado falar da NASA... certo? Talvez naquele programa de TV que passa aos domingos na Globo, o Fantástico! Foi lá que escutei pela primeira vez alguém falar sobre essa Agência do Governo Americano, há décadas atrás. 
Um pouquinho mais velho, no início dos anos 80, depois que terminava o Fantástico, eu assistia na TV a genial série Cosmos! Gostei muito, encantei-me e cresci pensando no universo e em como a tecnologia podia mudar o mundo... 
Nesta edição de 2012 são apresentadas 44 tecnologias que foram geradas por projetos da NASA. São tecnologias que mudaram, estão a mudar e/ou vão mudar nosso mundo. Quem dera tivéssemos um portfólio desses aqui no Brasil, um décimo desse, um centésimo desse... um 'ésimo' qualquer. Ai que inveja!
Resultados desse tipo são gerados com a atuação coordenada de governo e empresas (mas as formas como isso ocorre está mudando... veja o caso da SpaceX). No Brasil, não temos institucionalidade para fazer uma operação como a da NASA. O mais importante, temos um enorme nível de ignorância na sociedade brasileira a respeito da importância, do impacto, das formas de atuação para promoção da inovação. Vivemos de clichês e preconceitos na mídia e no senso comum. É preciso avançar!
O progresso técnico e a formação de pessoas são capazes de mudar um País.. mudar o mundo. Nada substitui o conhecimento, já dizia E. Deming!

Conhece-te a ti mesmo

Ah... como é difícil! Não é por menos que os homens já tentaram todos os tipos de soluções para o autoconhecimento, a busca da serenidade e a 'salvação'.  
Aliás... o James Hollis bem escreve que "a 'invenção' da psicanálise, há um século, ocorreu em resposta ao sofrimento que não podia ser aliviado pela medicina, pela teologia ou pelos pais patriarcais". 
A busca continua!

Fazer grande

De onde viemos? Para onde vamos?
São perguntas inquietantes que estão aí há muito... aliás, desde sempre! Talvez o ALMA nos ajude a encontrar possíveis respostas para essas perguntas.
Muito mais do que uma ferramenta para pesquisa, o ALMA é um magnífico feito do engenho humano, resultado de 30 anos de trabalho - o conceito original data de 1982. 
São 66 antenas, cada uma com 12 metros de diâmetro. Cada antena gera 96 Gbits de dados por segundo. Para trata-los e compor uma "imagem única" (essa é a lógica do 'array') de alta resolução, o ALMA tem um supercomputador com 128 milhões de processadores!
Esse negócio todo foi construído a 5000 metros de altitude! Há um belo documentário a respeito.
Que coisa complexa, que projeto ambicioso... Participamos (Brasil) dele? Uhm... mais ou menos... mais pra menos do que pra mais. O ALMA é um projeto que tem três pernas principais: Europa, América do Norte (EUA e Canadá) e Ásia (Japão e Taiwan). O Brasil negociou bons termos e foi aceito em 2010 como o primeiro membro não europeu do Observatório Europeu do Sul (ESO), mas até hoje o Congresso Nacional não ratificou o acordo internacional. 
São Pedro de Atacama é uma pequena cidade super simpática no Deserto de Atacama. Imagino que o ALMA tenha trazido muitos novos visitantes para lá; por enquanto, todos deste mundo. Veremos o que virá à frente!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Simulação

Uma das funções da literatura é nos permitir ‘sentir’, ‘experimentar’ e refletir sobre coisas que não vivemos. Permite-nos ‘simular’ experiências sociais e, adiciono eu, sentimentos.
Rancor e maldade. É o que marca essa boa história do Sérgio Rodrigues. Gostei, mas fiquei com um gosto amargo na boca, uma vontade louca de transformar uma história que não existiu.
É um sentimento potencializado por passagens do (ótimo) filme do final de semana passado: “O Mordomo da Casa Branca”. No caso do filme, a maldade era coletiva, movida pela ignorância do preconceito racial. Não é o que acontece no livro, no qual a maldade é pessoal, muito pessoal, forjada pelo mais profundo rancor, surgido de coisas muito mundanas.
Como as pessoas podem ser tão ruins, más, perversas, cegas, ignorantes, mesquinhas, covardes, perversamente humanas?
Nem só de good vibrations vivemos, certo?
Mas vale ler o livro. Além de nos permitir 'sentir coisas que não vivemos' e deixar um gosto amargo, rende boas risadas.

Produtividade

Os salários no Brasil são altos? Não! Mas estão crescendo mais do que a nossa capacidade de gerar riqueza.
O Brasil é um País no meio do caminho. Apesar dos avanços sociais das últimas décadas, muita gente ainda se encontra em um mundo paralelo dominado pela pobreza, a violência e a falta de oportunidades, muitas ‘empresas’ e trabalhadores estão fora do ‘mercado formal’ e muitas empresas (digo, aquelas com CNPJ e tudo mais) estão longe dos padrões de desempenho e eficiência encontrados nos mercados e nas corporações mais avançadas.
Para avançarmos, precisaremos, cada vez mais, aumentar a produtividade da economia brasileira e de nossas empresas. Isso dependerá de várias coisas: trabalhadores mais qualificados, processos de gestão mais estruturados, sistemas e equipamentos etc.
Esta edição da Exame PME joga um pouco de luz sobre a questão da produtividade nas empresas brasileiras. É um desafio a enfrentar.
E não nos enganemos.... existem vários problemas fora das empresas (a complexidade tributária é gigantesca, a infraestrutura deixa a desejar etc.), mas dentro dessas a situação não é boa. No geral, as empresas brasileiras são menos produtiva que as americanas, europeias, japonesas.... A experiência empírica sugere que a utilização dos ativos (os equipamento) é muito baixa – veja um artigo a respeito aqui. Ou seja, muitas empresas compram equipamentos modernos (e se enganam pensando que assim estão melhorando o desempenho, quando muitas vezes podem estar piorando os seus resultados) e não ‘tiram’ deles o que poderiam tirar. Por quê? Porque não sabem usar os equipamentos, não tem gente qualificada para fazê-lo, não treinam os funcionários, programam mal a produção e deixam os equipamentos parados, porque esses ficam parados porque estão quebrados ou não tem peças para processar (talvez outras máquinas que forneceriam tenham quebrado ou fabricado itens com defeito), porque simplesmente compraram as máquinas erradas etc.
Qual é a razão para isso acontecer nas empresas? São duas:
  1. Eles não precisam ser eficientes... ganham dinheiro mesmo sendo pouco eficientes, com mercados protegidos e pouco exigentes, clientes que compram produtos com preços altos, donos que se contentam com resultados abaixo do que poderia ser obtido;
  2. Há um déficit de conhecimento/capacitações nas empresas, que não tem gente qualificada para entender o funcionamento, operar e melhorar os processos de manufatura. No limite, o problema é de falta de conhecimento!
Vale a pena pensar sobre isso.... e o que quer dizer para a sua empresa, o Brasil e a sua carreira. É bom que esse debate vá para a mídia. É necessário que se estude e discuta amplamente o tema na sociedade.
Produtividade é uma questão chave para o Brasil, a sua empresa e cada um de nós!

Estamos distantes

Há um evento na Arábia Saudita chamado GlobalCompetitiveness Forum (GCF). Realiza-se anualmente em Riad, nos dias que antecedem o ‘Encontro Anual' do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça. Ambos, em diferentes medidas, contam com a presença de líderes empresariais, governamentais, empreendedores e ‘pensadores’ do diversos países.
Fui pela primeira vez ao GCF em 2010. Não havia nenhuma companhia chinesa por lá, apenas pessoal de mídia e serviços financeiros de Hong-Kong. Em 2014 foi bem diferente: ocorreu uma sessão especial sobre investimentos chineses no Norte da África e Oriente Médio (em inglês: MENA).
Não por acaso, imagino, a edição de janeiro da The Middle East Magazine tratava das relações econômicas da China com os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC).  
É crescente a participação nos negócios na Região de empresas do Império do Meio. Investimento, exportações de todos os tipos de produtos e importações de matérias-primas. Padrão recorrente esse, não lhe parece?
Enquanto isso, pergunta-me um empresário saudita em um dos jantares do evento: por que a participação brasileira é tão tímida? “Existem várias empresas brasileiras com produtos de alimentos aqui, mas ninguém sabe, não tem marcas....”; por quê? Boas perguntas.
Conhecemos muito, muito pouco da Ásia, do Oriente Médio ao extremo leste. Perdemos muitas oportunidades.
Será que nós de cá vamos deixar de lado as oportunidades de lá?

Mainstream

Certa vez escutei o Tony Blair (que hoje é palestrante, consultor, pensador, político, celebridade... confira no The Tony Blair Office) falar que, no início de seu período como Primeiro Ministro do Reino Unido, achava importante conversar e ter reuniões com os executivos de grandes empresas britânicas, mas que só no final dos seus dez anos nesse posto percebeu a importância de conversar com os “novos empreendedores”. No geral, os governos são prisioneiros das grandes corporações, das entidades empresariais mais poderosas e tradicionais, dos lobbies e dos ‘lobistas’ com recursos abundantes, de velhos interesses institucionalizados, das várias 'corporações'. É difícil desfazer esses circuitos. É difícil abrir espaço para o novo.
Mas o novo vem aí... Há um livro relativamente famoso escrito por dois ex profissionais da McKinsey (baixe aqui um extrato gentilmente oferecido por um 'servidor internet' dessa firma de consultoria), no qual encontramos a previsão de que 75% das 500 maiores empresas que existirão em 2020 ainda não existiam em 2011 (ano de lançamento do livro). É muita coisa! O que você acha?
Pois bem... há todo um ‘movimento’ de startups que ganhou grande visibilidade recentemente, a ponto da The Economist fazer um ‘special report’ sobre startups. Vale ler.
Agora, entre nós... essa história de startups não é nova. O que mudou então? Três coisas:
  1. Tem se tornado hegemônica a noção de que startups são empresas à busca de um modelo de negócios, ideia lançada e consolidada pelo Steve Blank. É uma nova forma de compreender o que é e como se 'desenvolve' uma empresa;
  2. O conhecimento necessário para criar, testar e validar o modelo e operar uma startup está cada vez mais codificado e tem sido ‘ensinado’ de velhas (p.ex.: cursos) e novas formas (p.ex.: aceleradoras);
  3. Empreender está virando (já é...) um estilo de vida para muita gente.
E essa nova onda chegou ao mainstream, se não fosse assim não estaria na The Economist. Tá dominado!
Por aqui.. vou brincando (e me divertindo muito com isso) de escrever e fazer entrevistas para a Startupi, primeiro e principal veículo de mídia brasileiro dedicado startups.
Vale ler... o report da Th Economist e a Startupi, todos os dias!!

sábado, 21 de dezembro de 2013

Miauuuu.... que venha 2014!

E que seja divertido... cheio de vida, risadas, prazeres, descobertas!
No final de 2013, descobri/encontrei este livrinho do Larte! Genial! 
Quer mais? Gatos? Zelador? Outros? Estão todos lá!
Divirta-se! Recomendo!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Espelho

Precisamos de espelhos para nos compreender melhor. Todos nós, cada um de nós. É um processo psicanalítico.
Todo brasileiro deveria ler este livro. Concorde-se ou não com o ponto de vista do Larry Rohter, é preciso conhecê-lo e discuti-lo. Goste-se ou não das suas ideias, é preciso pensar a respeito delas... pensar porque somos tão injustos, desiguais, amadores em muitas coisas, insensíveis para a tragédia da violência (que mata negros e pobres que não são nem contados nas estatísticas), complacentes e partícipes da corrupção (nós escolhemos os nossos representantes... a responsabilidade é de todos nós...), ainda fechados ao mundo, pouco críticos em relação a velhos comportamentos racistas, machistas e homofóbicos, formalistas, burocráticos, complacentes e mesmo feudais...
O Brasil precisa se olhar no espelho!
Valerá muito fazer isso! Goste-se ou não do que veremos.

Morrer, viver, ressurgir das cinzas...

Morrem a cada ano mais pessoas entre 15 e 49 de suicídio nos 'países desenvolvidos' do que em razão de qualquer outra enfermidade. Você sabia disso? Eu não...
Suicídio é um tabu. É um gigantesco tabu.
Esta edição da Newsweek (que me enganou... pois não teria mais edições impressas...) traz uma extensa reportagem sobre o assunto. A matéria é baseada no trabalho do Prof. Thomas Joiner, ele próprio marcado pelo suicídio do pai.
De onde vem a ideia de por fim à própria vida? Conforme Joiner, da combinação de três ideias/sentimentos:

  1. "Estou só...";
  2. "Sou um fardo...";
  3. "Não tenho medo de morrer...".

Onde está você nesse tabuleiro? Tenho certeza de uma coisa: eu tenho medo de morrer!
Quer ler a matéria? Faça isso online, afinal de contas o pessoal do Daily Beast matou (suicidou?) a Newsweek impressa, mas o IBT Group comprou a revista logo em seguida, em agosto de 2013, e deu continuidade à edição de papel. 
Merece uma trilha sonora do Daft Punk! Aliás.... 'a música' de 2013!

Península

A Coréia do Sul tem 23 think tanks vinculados ao 'centro do poder'. São institutos de pesquisa em ciências sociais, humanidades e economia que fazem análises e produzem conhecimentos para suportar a tomada de decisão pelo governo e a formulação de políticas. Estão todos vinculados ao Conselho Nacional de Pesquisa para Economia, Humanidades e Ciências Sociais; veja a lista de institutos vinculados.
O que isso significa? Que na Coréia do Sul não há espaço para decisões amadoras na formulação de políticas! Todos os programas e políticas tem pesquisa, fatos, dados, evidências concretas, hipóteses e análises por trás! Não é pouco!
Qual é o poder de fogo dessa estrutura? Se, em média, forem 150-200 pesquisadores por instituto, serão entre de 3500 e 4500 pesquisadores ao todo. 
Esta edição da The Economist traz um especial sobre a Coréia; aliás, sobre "as coréias". A do Norte é exemplo de "coisa estranha"; a do Sul é caso de sucesso incomparável de crescimento e desenvolvimento.
Mas o sucesso da Coréia do Sul não deixa de trazer consigo enormes 'questões a enfrentar'. Com uma das menores (a menor?) taxas de natalidade no mundo, o País possivelmente terá dificuldades para continuar a crescer. De onde vem isso? Uma das razões é a disputa ainda não resolvida com o Norte (voce teria filhos em um local ameaçado por uma guerra nuclear eminente?); outra é a dinâmica competitiva da sociedade, aliada a uma rede de proteção social praticamente inexistente (você terias filhos sabendo que os custos para prover saúde e educação são astronômicos e que você só pode contar com seu próprio esforço... ah... e você não terá aposentadoria quando ficar velho). Resolver a questão política com o Norte e reformar a sociedade são questões a enfrentar na Península. Inteligência para orientar o processo não faltará, imagino.


domingo, 1 de dezembro de 2013

O que será dos advogados, contadores, engenheiros, médicos...?

O que faz um advogado? E um médico? Para que serve o que ele/ela estudou em um curso superior? Como são os dias de trabalho desses profissionais?
Alguma vez você já parou para pensar a respeito?
Bem... como qualquer outra coisa na vida, é importante “tratar de forma diferente os diferentes”. Existem médicos e médicos; advogados e advogados; contadores e contadores; jornalistas e jornalistas e assim por diante. Mas a verdade é que, a maioria desses profissionais passa a maior parte de cada um dos seus dias de trabalho fazendo operações banais, repetindo rotinas simples, usando pouco o cérebro, repetindo coisas triviais....
Minha estimativa grosseira (chute): 75% dos atendimentos médicos que tenho a cada ano apontam diagnósticos errados ou são absolutamente idiotas. Está com dor de garganta e febre? Tome um antinflamatório e um antibiótico. Está com prurido, secreção e vermelhidão em uma área da pele? Tome antiinflamatório e tome/passe um antifúngico... piora a coisa, cinco médicos e cinco diagnósticos depois: dermatite medicamentosa. Dor na coxa ou na barriga da perna? Dá-lhe antinflamatório.... Secreção nasal amarelada (a coisa tá ficando nojenta)? Antinflamatório e antibiótico. Puxa.... estudei Engenharia e acho que seria capaz de fornecer a maior parte dos atendimentos médicos a que me submeto a cada ano, com mais qualidade do que a oferecida pelos médicos que cpnsulto. No geral: anamneses de 60 segundos + 30 segundos prescrevendo medicamentos + 30 segundos de “tchau, volte em 15 ou 30 dias...”. Dois minutos de consulta ao todo.
É claro que os médicos fogem dos planos de saúde, recebem uma ninharia por procedimento e o atendimento é péssimo, péssimo, péssimo nesse sistema. Esse é um problema de gestão do sistema de saúde. Há também um problema de formação: uma (grande? pequena?) parte dos médicos é mal formada e não estuda de modo regular, é ruim mesmo. Mas existem coisas que são intrínsecas ao métier. Primeiro, a maior parte dos casos que chegam aos médicos é absolutamente trivial. Segundo, a quantidade de informações que um médico tem a sua disposição para diagnosticar uma enfermidade e avaliar alternativas de tratamento é monstruosa. Há uma estimativa de que em 2020 os médicos terão que ‘enfrentar’ cerca de 200 vezes a quantidade de dados e informações que um ser humano consegue processar ao longo de toda a sua vida. É muito. Não há como “fazer de cabeça”.
Quer exemplos de outras profissões?
Advogados (aqueles 10-20% dentre os que estudaram direito e passaram no exame da OAB): a maior parte preenche petições e documentos já padronizados, tratam de casos simples, seguem rotinas. Uma outro tipo de trabalho é ler e interpretar a legislação, ver o que saiu de novo, buscar uma lei que trate de um tema específico, redigir (na maior parte das vezes de forma cifrada, em uma linguagem abstrata e confusa). Ora... muito disso é moleza hoje para um computador realizar. Por que não automatizar?
Engenheiros já vem há algum tempo observando a entrada da tecnologia na sua área. Do desenho ao cálculo, as ferramentas estão cada vez mais presentes. Para obras civis, ao invés de um ‘projeto assistido por computador’ teremos, em breve, talvez, projetos ‘feitos por computador’.
Algumas empresas jornalísticas estão automatizando a elaboração de matérias jornalísticas. Não... não se trata de oferecer ao jornalista uma processador de textos melhor, bancos de dados e informações, ferramentas de tradução ou revisão. Trata-se de eliminar a necessidade de uma jornalista para se escrever uma matéria de jornal. Ao invés de um humano, um algoritmo pode fazer isso. Veja o exemplos da Thomson Reuters.
Pois é....  a tecnologia da informação está chacoalhando e irá chacoalhar cada vez mais o mundo do trabalho. Como sempre aconteceu. Prepare-se!
Existem prós e contras e será difícil lidar com a situação no curto e médio prazo.
Pessoalmente, eu pagaria uma consulta para o Watson da IBM e acho que muitas matérias escritas por um computador poderão ser melhores, mais precisas, menos tendenciosas.
Se tem um lugar que o pessoal trabalha pesado para desenvolver novas tecnologias é o MIT. Esse também é o lugar de trabalho de Erik Bryonjolfsson e Andrew McAfee, autores de um livro que é objeto da matéria de capa desta edição da Tech Review.
Vale você ficar atento! Seus filhos e netos mais ainda!

Longe demais das (novas) capitais

Volto da Ásia e leio no avião a Forbes Asia. Que mundo grande esse e desconhecido no Brasil. O centro do mundo está migrando mesmo, mesmo, mesmo para a Ásia; você já sacou?
Há uma lista de bilionários e super milionários indianos na Revista. São cem pessoas na lista, sendo 65 com fortunas acima de um bilhão de dólares. Esse é o mesmo País que tem milhões de “intocáveis”, muitos dos quais só conseguem ganhar a vida carregando cocô por uma simples razão: nasceram filhos de gente que carregava cocô. Maluquice total, penso eu. É uma face dura e obscura desse País fascinante.
Mas os bilionários indianos não estão apenas na Índia. Estão no Oriente Médio, em Londres (especialmente...), nos EUA e no mundo. Nos EUA estão totalmente envolvidos em tecnologia da informação, micro & nanoeletrônica, biotecnologia etc. Pergunto-me: e os nossos? Conforme a Forbes, existem 46 brasileiros com US$ 1 bilhão ou mais de patrimônio e 124 com fortunas acima de R$ 1 bilhão. Quem são? O que fazem?
O pessoal do 3G (fizeram acontecer Ambev, Americanas, ALL... e agora estão na Heinz, Burger King...), tem uma trajetória ímpar, vitoriosa. São profissionais e competitivos para caramba, correm riscos, apostam grande, vão para o mundo, investem. O modelo é fazer os ativos renderem (brincadeira legal para engenheiros de produção como eu...)., não necessariamente apostar em novas tecnologias e inovações radicais.
E de resto? Quem mais está por aí? Os irmãos Marinho, herdeiros da mídia, estão na lista da Forbes, junto com alguns banqueiros, Antonio Ermírio de Morais, Edir Macedo, controladores de grupos de infraestrutura, Silvio Santos e alguns (muitos?) herdeiros. Resumo da história: poucos tem negócios na indústria e, menos ainda, tem histórias de sucesso na construção de negócios intensivos em tecnologia e inovação tecnológica; a maior parte dos bilionários brasileiros tem suas fortunas originadas em negócios de mídia, bancos, bebidas, alimentos, infraestrutura e indústria de base.
Precisamos mais: empreendedores, empresários (e não apenas gestores profissionais de empresas), gente que faça empresas crescerem e virarem mega negócios, bilionários, visionários, brasileiros globais.  Precisamos de gente que aposte em novas tecnologias, veja oportunidades no mundo onde outros nada enxergam.

Além disso, é urgente conhecer a Ásia! Acho que valerá a pena!